sexta-feira, 8 de maio de 2009

A quem incomoda o juiz De Sanctis?


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Desta vez De Sanctis se safou, embora com uma margem muito apertada 

Fátima Murad

Desde que foi nomeado para a 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, em 1991, aos 27 anos de idade, Fausto de Sanctis, especialista no combate aos crimes do colarinho branco e de lavagem de dinheiro, já tirou o sono de muitos poderosos.

Entre outros, mandou para a cadeia o banqueiro Edemar Cid Ferreira, do antigo Banco Santos, o empresário Ricardo Mansur, que levou à falência o Mappin e a Mesbla, o doleiro Toninho da Barcelona, o traficante Juan Carlos Abadia, além de Daniel Dantas, Nagi Nahas e Celso Pitta, na operação Satiagraha, e mais recentemente, diretores da empreiteira Camargo Corrêa.

Obstinado no cumprimento de sua função, De Sanctis acabou por se indispor também com seus superiores, o que lhe valeu pelo menos dois processos administrativos junto à Corregedoria do Tribunal Regional Federal da 3ª região, pelos quais foi julgado, e absolvido, na última quinta-feira (30/4).

O caso mais conhecido envolve sua queda de braço com o poderoso presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Gilmar Mendes. Em julho de 2008, De Sanctis decretou a prisão, por crimes financeiros, do banqueiro Daniel Dantas, que acabou solto graças a um habeas corpus de Dantas. Menos de 24 horas depois, o juiz decretou novamente a prisão de Dantas, o que deu margem a um expediente administrativo por desobediência ao STF.

No outro caso, o juiz foi acusado de ter desacatado à determinação do ministro Celso de Mello que, em abril do ano passado, mandou suspender o processo-crime contra o magnata russo Boris Berezovski, dono da MSI, empresa que patrocinava o Corinthians. De Sanctis se recusou a suspender um pedido de colaboração internacional na investigação.

Desta vez De Sanctis se safou, embora com uma margem muito apertada, no caso envolvendo Gilmar Mendes: foram oito votos pela suspensão do procedimento administrativo contra seis. Sua promissora carreira de juiz esteve por um fio.

Mas há o outro lado: por suas atitudes corajosas, De Sanctis vem conquistando admiradores. Em dezembro, recebeu uma homenagem inusitada do cineasta Fernando Meirelles, autor de "Cidade de Deus" e "Ensaio sobre a Cegueira". Vencedor do prêmio "Paulistanos do Ano 2008" da revista Veja São Paulo, Meirelles transferiu o prêmio ao juiz. Na placa onde estava grafado seu próprio nome, colou um papel escrito: "Fausto de Sanctis/ O homem".

Fonte: Diário de Guarulhos

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