sábado, 27 de fevereiro de 2010

UMA VISÃO DO PAC EM MANGUINHOS


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Lula e Cabral doando laptops na inauguração do conjunto habitacional em Manguinhos. Não chegava a 100 o número de moradores presentes. Foto: Eduardo Sá/Fazendo Media.

No dia 21 de dezembro do ano passado foram inauguradas algumas obras do PAC em Manguinhos, com a presença do presidente Lula, de ministros, do governador e do prefeito do Rio de Janeiro. Das quinze favelas que compõem o complexo, onze serão beneficiadas pelas intervenções. A maior parte está concentrada na Av. Dom Hélder Câmara, no Depósito de Suprimentos do Exército, que estava desativado, e onde foi construído um conjunto habitacional com cinco blocos, com dois prédios de quatro andares cada e apartamentos de dois quartos: 416 moradias no total.
Para os moradores, a prioridade é que os primeiros andares sejam destinados aos idosos e pessoas com deficiência, em função da ausência de elevadores. Lá estão sendo realocadas pessoas das comunidades Embratel e Mandela de Pedra, que tiveram suas casas derrubadas por estarem em área de risco ou no caminho da construção de novas vias de acesso.
A reportagem ouviu 100 moradores no Complexo do Manguinhos, procurando  equilibrar as entrevistas entre jovens, adultos e idosos, assim como variando o sexo. Também tivemos o cuidado de ouvir as pessoas em diferentes pontos da comunidade, de modo a garantir maior diversidade de opiniões. O resultado foi o seguinte: o PAC teve a aprovação de 77 moradores na comunidade. Em geral, há muita esperança e ceticismo em relação ao projeto do governo.
Segundo a Empresa de Obras Públicas do Rio de Janeiro, “no Complexo de Manguinhos os investimentos chegam a R$ 290 milhões. Além das moradias e os equipamentos que foram inaugurados, na comunidade da Embratel e na CCPL serão erguidos novos conjuntos habitacionais, totalizando 1774 apartamentos construídos pelo PAC Manguinhos. A elevação da via férrea permitirá a criação de um grande parque urbano no local, com quadras esportivas, pistas de skate, áreas de convivência e quiosques”, declararam.
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As pessoas presentes no dia da inauguração do conjunto habitacional, com algumas das moradias ao fundo. Foto: Eduardo Sá/Fazendo Media.

No dia da entrega, ao entrarem nos apartamentos inaugurados, alguns moradores criticaram o tamanho das unidades. Ao contrário do que foi divulgado, 42m², alguns afirmaram que os apartamentos têm algo em torno de 30m². Uma senhora se queixou: “Onde vamos estender as roupas?”. Teve morador que disse que com esse tamanho as pessoas não terão espaço para intimidade, e assim a população pobre não aumenta. O processo de ocupação durou cerca de um mês, sem nenhum suporte na mudança, gradativamente por blocos, cujos apartamentos foram medidos e constatados em 37m². Mas para as pessoas que moravam em casas de palafita na beira dos rios, como acontece na Mandela de Pedra, trata-se de uma melhoria de vida considerável. Esse foi um elogio recorrente.
A casa-modelo de 72m² que foi apresentada no início do projeto, que ficava na entrada do conjunto, foi demolida. Os moradores já estabeleceram o seu modo de organização, um síndico por bloco e um síndico geral. Ao todo são três reuniões por mês, uma no bloco, uma geral e outra com o consórcio responsável por grande parte das obras na região e em especial nessas moradias: Consórcio Manguinhos, composto por Andrade Gutierrez (60%), EIT (20%) e Camter (20%). A Empresa de Obras Públicas do Estado do Rio de Janeiro (EMOP) gerencia o processo.
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Crianças brincando no vão central do conjunto habitacional, meses depois da inauguração. Foto: Eduardo Sá/Fazendo Media.

Conversando com alguns síndicos, certas normas foram apontadas para preservar a ordem no local. Foi proibida a utilização da moradia como comércio, sobretudo qualquer tipo de aluguel, mas quem quiser usar sua casa para alguns biscates não tem problema: o comércio é distante, alguns moradores já vendem refrigerantes, biscoitos, sacolé, etc. em apartamentos no térreo. A partir do segundo andar para cima, moradores podem colocar suas roupas nas sacadas, no térreo foi permitida a utilização do vão atrás do prédio desde que evitando a exposição de roupas íntimas.  O único problema que apareceu, dois meses depois da inauguração, foi briga entre famílias. Há uma proposta de gradear os prédios, e colocar uma guarita na entrada do conjunto, como prevenção a possíveis roubos – estes, não ocorreram. A lei do silêncio, às 22h, está sendo respeitada.
No dia da inauguração foram sorteados 5 laptops, entregues pelo presidente. Instalaram internet sem fio no local, mas, segundo relatos dos moradores, só funciona de maneira instável a partir das 18h quando os postes de energia são ativados. Praticamente ninguém tem internet, alguns usam o celular. Muitos moradores estão esperando computadores que, segundo eles, foram prometidos. No resto das instalações, não ocorreu nenhum problema com a luz e encanamento, disseram.
Além das moradias, também já foram entregues uma unidade de saúde, uma escola estadual, um parque aquático, quadras poliesportivas, uma biblioteca pública multifuncional, um Centro de Geração de Renda, o Centro de Apoio Jurídico e o Centro de Referência da Juventude. Mas nem tudo está funcionando até hoje, como é o caso da biblioteca por exemplo.
As três creches em construção, uma delas pronta, mas não inaugurada, também se encontram espalhadas nos arredores do Complexo de Manguinhos. Segundo o professor de geografia dessa escola estadual, Gilson Alves, morador e integrante da Comissão de Moradores da comunidade Vila Turismo, o novo espaço já beneficia muitos jovens com seus três turnos para os ensinos fundamental e médio. Mas Gilson tem várias críticas ao PAC, principalmente no que diz respeito à ineficiência na aplicação das verbas e na realização das obras em relação ao que foi proposto no início do projeto.
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Retroescavadeira para as obras de pavimentação na região central de Manguinhos, onde ainda há casas de palafita e muito entulho jogado nas ruas. Foto: Eduardo Sá/Fazendo Media.

Comerciantes de Manguinhos criticaram as obras do PAC, principalmente devido aos critérios de avaliação do governo – que não levam em conta o tempo do ponto no local. É o caso de Luiz Fernando, no Parque João Goulart, que está negociando para não perder sua venda por um valor que não compensa. O projeto inicial do PAC anuncia áreas para o comércio popular, mas até agora muitos comerciantes não têm nenhuma informação a respeito.
Segundo Ícaro Moreno, presidente da Emop, “agimos de forma extremamente democrática, num trabalho de convencimento feito por equipes especializadas de Diagnóstico Social, para obter a compreensão da população atingida. Esse trabalho foi desenvolvido em duas vertentes principais: primeiro, que era preciso a relocação, para benefício de toda a comunidade, com a construção de equipamentos sociais. Segundo que, para isso, o Estado oferecia três opções para nova moradia – a transferência para novas unidades, indenização ou compra assistida”, afirmou.
Quanto à saúde, muitos moradores se queixam da falta de médicos na unidade de saúde recém inaugurada, que é uma das maiores no estado. A instalação, segundo informações da Secretaria de Estado de Saúde e Defesa Civil, está equipada com consultórios de pediatria, clínica médica e odontológica, farmácia, laboratório para a realização de exames e salas de raios-X, sutura, medicação e nebulização, além de 24 leitos. A reportagem testemunhou um pai saindo com o filho no colo sem atendimento, às 20h, por falta de pediatras.
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Construção da linha férrea, nas proximidades da estação de trem do Manguinhos. Foto: Eduardo Sá/Fazendo Media.

A obra principal será a elevação da via férrea que corta a comunidade ao meio: a mão dupla da Av. Leopoldo Bulhões será divida em duas pistas, para a construção de um Parque Metropolitano com áreas de lazer por debaixo dos trilhos entre a Av. Leopoldo Bulhões e a Rua Uranos. Segundo trabalhadores da obra, a via ligará Benfica, por trás do conjunto habitacional, até a linha amarela em Bomsucesso.
Outros serviços, como asfaltamento das ruas e saneamento, também estão em andamento. A principal crítica dos moradores foi a instalação dos esgotos, que reaproveitou o sistema de água construído pelos moradores na formação da comunidade: vai tudo para o mesmo lugar, exceto os rios que também estão em obras. Quando chove, disseram, continua entupindo tudo. Moradores que trabalham em obras apontaram inadequações no projeto, como a utilização de canos pequenos, o que deverá apenas postergar os problemas.
A falta de informação e diálogo foi constante nos relatos, pois muitos não sabem o que vai acontecer, apesar do Comitê de Acompanhamento das Obras criado pelo governo com algumas lideranças locais se reunir com freqüência; para alguns, é um instrumento de cooptação, chapa branca. Algumas comunidades estão articuladas, criaram Comissões de Moradores, além das associações, todas as terças se reúnem na Fundação Oswaldo Cruz, vizinha de Manguinhos, para debater o PAC.
Para muitos, pior não poderia ficar, já que Manguinhos nunca foi alvo de políticas  públicas. O principal elogio foi a geração de empregos – o PAC empregou cerca de duas mil pessoas nas obras, com remuneração entre um e três salários mínimos, incluindo muitas mulheres. A diminuição de operações policiais na região, por conta das obras, foi outra avaliação positiva recorrente. As pessoas que moram na beira dos rios Timbó e no Canal do Cunha, por exemplo, vão ter uma moradia decente em comparação com às que moravam.
(*) Com informações da reportagem de Marcelo Salles, na edição de fevereiro da revista Caros Amigos.

Solidariedade a Luis Nassif


 



Acabo de ler, no blog de Luis Nassif, que ele foi condenado, em instância intermediária da Justiça, pela série de artigos que escreveu sobre a revista Veja.
Apesar de caber recurso da decisão, a solidariedade de amigos e leitores é importante. Ele, como tantos outros, vem travando uma luta que é de todos nós.
A solidariedade e o apoio precisam ser manifestados em comentários postados em seu blog.  Eu já fiz. Quem também quiser fazer, é só clicar aqui.



LEANDRO FORTES: DINHEIRO DO SUS DESVIADO PARA O MERCADO FINANCEIRO


 por Leandro Fortes, em Carta Capital

Sem alarde e com um grupo reduzido de técnicos, coube a um pequeno e organizado órgão de terceiro escalão do Ministério da Saúde, o Departamento Nacional de Auditorias do Sistema Único de Saúde (Denasus), descobrir um recorrente crime cometido contra a saúde pública no Brasil. Em três dos mais desenvolvidos e ricos estados do País, São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, todos governados pelo PSDB, e no Distrito Federal, durante a gestão do DEM, os recursos do SUS têm sido aplicados, ao longo dos últimos quatro anos, no mercado financeiro.

A manobra serviu aparentemente para incrementar programas estaduais de choques de gestão, como manda a cartilha liberal, e políticas de déficit zero, em detrimento do atendimento a uma população estimada em 74,8 milhões de habitantes. O Denasus listou ainda uma série de exemplos de desrespeito à Constituição Federal, a normas do Ministério da Saúde e de utilização ilegal de verbas do SUS em outras áreas de governo. Ao todo, o prejuízo gerado aos sistemas de saúde desses estados passa de 6,5 bilhões de reais, sem falar nas consequências para seus usuários, justamente os brasileiros mais pobres.

As auditorias, realizadas nos 26 estados e no DF, foram iniciadas no fim de março de 2009 e entregues ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão, em 10 de janeiro deste ano. Ao todo, cinco equipes do Denasus percorreram o País para cruzar dados contábeis e fiscais com indicadores de saúde. A intenção era saber quanto cada estado recebeu do SUS e, principalmente, o que fez com os recursos federais. Na maioria das unidades visitadas, foi constatado o não cumprimento da Emenda Constitucional nº 29, de 2000, que obriga a aplicação em saúde de 12% da receita líquida de todos os impostos estaduais. Essa legislação ainda precisa ser regulamentada.

Ao analisar as contas, os técnicos ficaram surpresos com o volume de recursos federais do SUS aplicados no mercado financeiro, de forma cumulativa, ou seja, em longos períodos. Legalmente, o gestor dos recursos é, inclusive, estimulado a fazer esse tipo de aplicação, desde que antes dos prazos de utilização da verba, coisa de, no máximo, 90 dias. Em Alagoas, governado pelo também tucano Teotônio Vilela Filho, o Denasus constatou operações semelhantes, mas sem nenhum prejuízo aos usuários do SUS. Nos casos mais graves, foram detectadas, porém, transferências antigas de recursos manipulados, irregularmente, em contas únicas ligadas a secretarias da Fazenda. Pela legislação em vigor, cada área do SUS deve ter uma conta específica, fiscalizada pelos Conselhos Estaduais de Saúde, sob gestão da Secretaria da Saúde do estado.

O primeiro caso a ser descoberto foi o do Distrito Federal, em março de 2009, graças a uma análise preliminar nas contas do setor de farmácia básica, foco original das auditorias. No DF, havia acúmulo de recursos repassados pelo Ministério da Saúde desde 2006, ainda nas gestões dos governadores Joaquim Roriz, então do PMDB, e Maria de Lourdes Abadia, do PSDB. No governo do DEM, em vez de investir o dinheiro do SUS no sistema de atendimento, o ex-secretário da Saúde local Augusto Carvalho aplicou tudo em Certificados de Depósitos Bancários (CDBs). Em março do ano passado, essa aplicação somava 238,4 milhões de reais. Parte desse dinheiro, segundo investiga o Ministério Público Federal, pode ter sido usada no megaesquema de corrupção que resultou no afastamento e na prisão do governador José Roberto Arruda.

Essa constatação deixou em alerta o Ministério da Saúde. As demais equipes do Denasus, até então orientadas a analisar somente as contas dos anos 2006 e 2007, passaram a vasculhar os repasses federais do SUS feitos até 2009. Nem sempre com sucesso. De acordo com os relatórios, em alguns estados como São Paulo e Minas os dados de aplicação de recursos do SUS entre 2008 e 2009 não foram disponibilizados aos auditores, embora se tenha constatado o uso do expediente nos dois primeiros anos auditados (2006-2007). Na auditoria feita nas contas mineiras, o Denasus detectou, em valores de dezembro de 2007, mais de 130 milhões de reais do SUS em aplicações financeiras.

O Rio Grande do Sul foi o último estado a ser auditado, após um adiamento de dois meses solicitado pelo secretário da Saúde da governadora tucana Yeda Crusius, Osmar Terra, do PMDB, mesmo partido do ministro Temporão. Terra alegou dificuldades para enviar os dados porque o estado enfrentava a epidemia de gripe suína. Em agosto, quando a equipe do Denasus finalmente desembarcou em Porto Alegre, o secretário negou-se, de acordo com os auditores, a fornecer as informações. Não permitiu sequer o protocolo na Secretaria da Saúde do ofício de apresentação da equipe. A direção do órgão precisou recorrer ao Ministério Público Federal para descobrir que o governo estadual havia retido 164,7 milhões de recursos do SUS em aplicações financeiras até junho de 2009.

O dinheiro, represado nas contas do governo estadual, serviu para incrementar o programa de déficit zero da governadora, praticamente único argumento usado por ela para se contrapor à série de escândalos de corrupção que tem enfrentado nos últimos dois anos. No início de fevereiro, o Conselho Estadual de Saúde gaúcho decidiu acionar o Ministério Público Federal, o Tribunal de Contas do Estado e a Assembleia Legislativa para apurar o destino tomado pelo dinheiro do SUS desde 2006.

Ainda segundo o relatório, em 2007 o governo do Rio Grande do Sul, estado afetado atualmente por um surto de dengue, destinou apenas 0,29% dos recursos para a vigilância sanitária. Na outra ponta, incrivelmente, a vigilância epidemiológica recebeu, ao longo do mesmo ano, exatos 400 reais do Tesouro estadual. No caso da assistência farmacêutica, a situação ainda é pior: o setor não recebeu um único centavo entre 2006 e 2007, conforme apuraram os auditores do Denasus.

Com exceção do DF, onde a maioria das aplicações com dinheiro do SUS foi feita com recursos de assistência farmacêutica, a maior parte dos recursos retidos em São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul diz respeito às áreas de vigilância epidemiológica e sanitária, aí incluído o programa de combate à Aids e outras doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). Mas também há dinheiro do SUS no mercado financeiro desses três estados que deveria ter sido utilizado em programas de gestão de saúde e capacitação de profissionais do setor.

Informado sobre o teor das auditorias do Denasus, em 15 de fevereiro, o presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, colocou o assunto em pauta, em Brasília, na terça-feira 23. Antes, pediu à Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde, à qual o Denasus é subordinado, para repassar o teor das auditorias, em arquivo eletrônico, para todos os 48 conselheiros nacionais. Júnior quer que o Ministério da Saúde puna os gestores que investiram dinheiro do SUS no mercado financeiro de forma irregular. "Tem muita coisa errada mesmo."

No caso de São Paulo, a descoberta dos auditores desmonta um discurso muito caro ao governador José Serra, virtual candidato do PSDB à Presidência da República, que costuma vender a imagem de ter sido o mais pródigo dos ministros da Saúde do País, cargo ocupado por ele entre 1998 e 2000, durante o governo Fernando Henrique Cardoso. Segundo dados da auditoria do Denasus, dos 77,8 milhões de reais do SUS aplicados no mercado financeiro paulista, 39,1 milhões deveriam ter sido destinados a programas de assistência farmacêutica, 12,2 milhões a programas de gestão, 15,7 milhões à vigilância epidemiológica e 7,7 milhões ao combate a DST/Aids, entre outros programas.

Ainda em São Paulo, o Denasus constatou que os recursos federais do SUS, tanto os repassados pelo governo federal como os que tratam da Emenda nº 29, são movimentados na Conta Única do Estado, controlada pela Secretaria da Fazenda. Os valores são transferidos imediatamente para a conta, depois de depositados pelo ministério e pelo Fundo Nacional de Saúde (FNS), por meio de Transferência Eletrônica de Dados (TED). "O problema da saúde pública (em São Paulo) não é falta de recursos financeiros, e, sim, de bons gerentes", registraram os auditores.

Pelos cálculos do Ministério da Saúde, o governo paulista deixou de aplicar na saúde, apenas nos dois exercícios analisados, um total de 2,1 bilhões de reais. Destes, 1 bilhão, em 2006, e 1,1 bilhão, em 2007. Apesar de tudo, Alckmin e Serra tiveram as contas aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado. O mesmo fenômeno repetiu-se nas demais unidades onde se constatou o uso de dinheiro do SUS no mercado financeiro. No mesmo período, Minas Gerais deixou de aplicar 2,2 bilhões de reais, segundo o Denasus. No Rio Grande do Sul, o prejuízo foi estimado em 2 bilhões de reais.

CartaCapital solicitou esclarecimentos às secretarias da Saúde do Distrito Federal, de São Paulo, de Minas Gerais e do Rio Grande do Sul. Em Brasília, em meio a uma epidemia de dengue com mais de 1,5 mil casos confirmados no fim de fevereiro, o secretário da Saúde do DF, Joaquim Carlos Barros Neto, decidiu botar a mão no caixa. Oriundo dos quadros técnicos da secretaria, ele foi indicado em dezembro de 2009, ainda por Arruda, para assumir um cargo que ninguém mais queria na capital federal. Há 15 dias, criou uma comissão técnica para, segundo ele, garantir a destinação correta do dinheiro do SUS para as áreas originalmente definidas. "Vamos gastar esse dinheiro todo e da forma correta", afirma Barros Neto. "Não sei por que esses recursos foram colocados no mercado financeiro."

O secretário da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, afirma jamais ter negado atendimento ou acesso à documentação solicitada pelo Denasus. Segundo Terra, foram os técnicos do Ministério da Saúde que se recusaram a esperar o fim do combate à gripe suína no estado e se apressaram na auditoria. Mesmo assim, garante, a equipe de auditores foi recebida na Secretaria Estadual da Saúde. De acordo com ele, o valor aplicado no mercado financeiro encontrado pelos auditores, em 2009, é um "retrato do momento" e nada tem a ver com o fluxo de caixa da secretaria. Terra acusa o diretor do Denasus, Luís Bolzan, de ser militante político do PT e, por isso, usar as auditorias para fazer oposição ao governo. "Neste ano de eleição, vai ser daí para baixo", avalia.

Em nota enviada à redação, a Secretaria da Saúde de Minas Gerais afirma estar regularmente em dia com os instrumentos de planejamento do SUS. De acordo com o texto, todos os recursos investidos no setor são acompanhados e fiscalizados por controle social. A aplicação de recursos do SUS no mercado financeiro, diz a nota, é um expediente "de ordem legal e do necessário bom gerenciamento do recurso público". Lembra que os recursos de portarias e convênios federais têm a obrigatoriedade legal da aplicação no mercado financeiro dos recursos momentaneamente disponíveis.

Também por meio de uma nota, a Secretaria da Saúde de São Paulo refuta todas as afirmações constantes do relatório do Denasus. Segundo o texto, ao contrário do que dizem os auditores, o Conselho Estadual da Saúde fiscaliza e acompanha a execução orçamentária e financeira da saúde no estado por meio da Comissão de Orçamento e Finanças. Também afirma ser a secretaria a gestora dos recursos da Saúde. Quanto ao investimento dos recursos financeiros, a secretaria alega cumprir a lei, além das recomendações do Tribunal de Contas do Estado. "As aplicações são referentes a recursos não utilizados de imediato e que ficariam parados em conta corrente bancária." A secretaria também garante ter dado acesso ao Denasus a todos os documentos disponíveis no momento da auditoria.


Um estado cada vez melhor


Professores são demitidos e escola fica sem aula



Os 1.200 estudantes da Escola Técnica de Saúde Pública Professor Makiguti, da prefeitura, começaram o ano letivo há quase um mês, mas estão sem boa parte das suas aulas. Dos 32 professores da escola, 13 foram dispensados no final do ano passado. As vagas ainda não foram repostas

A escola, que fica em Cidade Tiradentes (zona leste de SP), é a única escola técnica pública com especialização em áreas da saúde. Oferece cursos de técnico em farmácia, análises clínicas, higiene dental e gestão em serviços de saúde.

Os estudantes temem que esteja em curso uma operação-desmonte da escola, já que, além da dispensa dos professores, a prefeitura também não providenciou a realização do vestibulinho para ingresso de novos alunos, que deveria ter acontecido entre novembro e dezembro últimos, e que levaria à admissão de 480 calouros. Até ontem, não havia ainda previsão de quando seria feito o concurso.

"Essa escola é a esperança de profissionalização em uma região que, em geral, é muito pobre em oportunidades", diz Carlos Roberto dos Santos, estudante de gestão em saúde. No último concurso de ingresso, 2.200 candidatos disputaram as vagas existentes.

Com a falta de professores, alunos que às vezes enfrentam duas a três horas de ônibus para chegar à escola acabam ficando nas salas de aula sem nada para fazer. Na semana passada, os estudantes do noturno assistiram a apenas quatro das 20 aulas previstas. "Eu tinha programado tudo para minha formatura, no meio do ano. E agora?", pergunta a aluna Bruna Carolina da Silva, 19.

Segundo os alunos, ninguém informa como será feita a reposição de aulas nem se a escola será fechada. O candidato a prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou durante a campanha de 2008 que investiria pesado na construção de escolas técnicas. Agora


Serra prepara divorcio



Não se trata da vida privada do governador. O que Serra prepara é o “divorcio” público com Kassab.
Folha, que tem o dom de detectar os desejos de Serra, nos dá hoje um“inside” do que esta por vir.
“Serra chegou ao evento acompanhado do secretário de Desenvolvimento e ex-governador paulista, Geraldo Alckmin. Kassab já estava no local.
Após responder aos jornalistas, Serra foi visitar a escola, enquanto Kassab concedia entrevista. O prefeito foi embora antes de o governador retornar.” (Folha SP – Explorar cassação é “ridículo”, diz Serra – 24/2/2010).

O intuito é evitar que cole a etiqueta que Kassab é o Pitta de Serra.
Se trata de uma reviravolta de toda a estratégia de Serra em relação ao DEM e que vinha aplicando com esmero -e certo êxito- desde que decidiu abandonar a prefeitura em 2006.
Na sua estratégia presidencial Serra fez do DEM e de sua reciclagem como partido “renovado”, o eixo de sua política de alianças e um instrumento de combate aos seus adversários internos.
Levou a frente está orientação incluso contra o candidato do próprio PSDB no pleito municipal de 2008 e tinha feito do único governador do DEM, José Roberto Arruda, o gestor moderno e eficiente que poderia ser seu vice em 2010. O DEM “moderno”, sem os “coronéis” do passado, forneceria também o tempo necessário na TV e seria complementado com os transfugas do próprio PMDB nos acertos regionais.
José Arruda sucumbiu da pior maneira possível para Serra: no xadrez.
Kassab, por sua vez, afunda na impopularidade pelo descaso com as enchentes e fica exposto publicamente pelo financiamento irregular de mais de 30% de sua campanha, por um lobby interessado na modificação do Plano Diretor da cidade.
Desta orientação central na estratégia de Serra, só fica agora a questão do tempo de TV. Pelo resto, as figuras do DEM são um peso, do qual o candidato tucano quer se desfazer o mais rapidamente possível.
No Rio, por exemplo, a aliança do candidato de Serra e do PSDB com a candidatura ao senado do demo Cesar Maia, começou a ser questionada.
Em São Paulo, protegido pela mídia na questão das enchentes, fez de Kassab o único responsável pelo desastre e claramente recusou-se a alavancar a candidatura do prefeito ao posto de governador.
Virando 180 graus, seu desafeto Alckmin virou a noiva paparicada e daqui em diante é com ele que Serra gostaria de ser identificado.
As notinhas que precederam este desfecho, indicando desacordo de Serra com Kassab na questão do aumento da tarifa de ônibus ou no IPTU, agora serão ampliadas para dissociar cada vez mais Serra de Kassab.
E como todo mundo sabe, Serra e Alckmin sempre foram muito unidos… e serão felizes for ever.
Pelo resto começa a ser cada vez mais premente arrumar um vice de fora do DEM, para mascarar a participação deste partido na coligação, mantida exclusivamente por conveniência de tempo de TV.
As pressões para fazer de Aécio o vice de Serra serão cada vez maiores, como uma questão de sobrevida, para não ver naufragar sua campanha à presidente.
Luis Favre



“Não me deixe sozinho com o Kassab!”

Serra, puxando Alckmin pra seu lado, durante uma inauguração ontem


Quando não der para jogar a culpa na CUT ou no PT improvise....





Após 16 anos governando São Paulo, tucano culpa professores por mau desempenho de alunos em matemática

Eles nunca são responsáveis de nada (com uma exceção, o êxito de Lula)
***
ensino em sp
A avaliação dos alunos da rede estadual de ensino mostrou que 58,3% têm conhecimento insuficiente de matemática.
FOLHA ONLINE

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

O BOM E VELHO PIG NÃO DESISTE NUNCA!


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A manchete do Estadão online, que dizia que Dilma está "estagnada", sumiu da capa. Junto com o assunto. Nas internas, sim, o jornal dá a notícia corretamente.

Já a Folha simplesmente esconde que Dilma subiu 8 pontos: "esquece" de comparar a pesquisa com os números anteriores do próprio Ibope.

E olha que estamos falando em números do sr. Montenegro, aquele que acha que José Serra está eleito.

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FONTE: VIOMUNDO

Zé Pedágio: R$ 20,40 por 50 Km



A população da cidade de Atibaia (SP) deve estar se perguntando o que o governador demo-tucano José Serra (PSDB/SP) tem contra a população local, para merecer tantos castigos.

Neste verão de chuvas, a cidade e região teve uma enchente nunca vista, agravada pela barbeiragem da SABESP no manejo das represas (privatizadas).

Agora seus moradores precisam pagar o exorbitante pedágio de R$ 20,40 por apenas 50Km, para ir em Campinas (O valor ultrapassa R$ 0,20 por Km, considerando ida e volta).

Segue o desabafo de um morador, publicado no portal Atibaia News:

Você reside em Atibaia e quer ir ao Shopping Iguatemi em Campinas para fazer umas compras, cinema e restaurante. Coloque no custo da viagem de saida: R$ 4,60 + R$ 5,60 + R$ 5,60 + R$ 4,60 = R$ 20,40 + R$ 4,00 (estacionamento no Shopping) = R$ 24,40.

Não é simplesmente absurdo gastar R$ 20,40 (só de pedágio) para ir e voltar de Atibaia para Campinas. E os concessionários ainda reclamam que muitos desviam dos Pedágios. E tem que fugir mesmo.

Praticamente acabaram com as visitas dos Atibaenses ao Município de Campinas.

Como pode uma estrada boa como a D. Pedro I ter um pedágio tão alto se na Fernão Dias onde serão necessários muitos reparos para deixar a estrada perfeita o Pedágio é tão inferior. E olha que Espanhol sabe fazer conta. Não vai cuidar de uma estrada a troco de banana.

Fica registrado aqui meu veemente protesto. Já pagamos imposto alto ao comprar o carro e IPVA todos os anos. Fora as multas, os radares são colocados propositadamente em trechos onde normalmente desenvolvemos mais velocidade.

FONTE: BLOG AMIGOS DO PRESIDENTE LULA

A vaca foi para o brejo


vaca

Da coluna Você precisa saber, de Roberto Fonseca – JT

Farpa virtual em clima eleitoral
Cotados como candidatos ao Senado, Soninha Francine (PPS), subprefeita da Lapa na gestão Gilberto Kassab (DEM), e o secretário estadual de Meio Ambiente, Xico Graziano (PSDB), se estranharam no Twitter. A princípio, ela ironizou: “Buenos Aires alagada, morro desmoronando na Itália e quase extinguindo cidadezinha… Tsc, tsc. Esses demo-tucanos estão em toda parte”. Ele rebateu: “Desculpe, mas não gostei do comentário, injusto e mau colocado (sic). Aliás, nada ecológico”.
Foi senha para troca de farpas: “Falando sério agora, porque nem todo mundo entende ironia. É ridículo a oposição fazer sempre do (partido do governo) o demônio da vez”, afirmou Soninha. E o tucano devolveu: “Ironia, bem colocada, mostra inteligência. Fora de ordem, todavia, repercute a maldade que se quer combater. Comete erro crasso”.

***
Soninha faz ironia para defender a gestão demo-tucana. Xico não achou graça por questão de marketing. Para ambos, as catástrofes acontecem e ponto final. Já vão mais de 75 mortos no Estado, mas teve mais no Haiti, este parece ser o pensamento irônico da sub de Kassab. Tirar a roupa pelas bicicletas, tudo bem… mas ser cobrada por não suar a vestimenta no combate as enchentes, é injustiça, pensa Soninha.
Kassab gasta mais em publicidade que em combate a enchentes? O dinheiro previsto para área de risco não é utilizado? Não existe mapeamento atualizado dessas áreas de risco? as obras de Serra na marginal agravam a impermeabilização do solo? a limpeza dos piscinões não é feita e os subprefeitos nada vem? as boca-de-lobo sem tampas e galerias entupidas? o lixo anda solto na cidade e não é recolhido nas favelas?
Que culpa têm São Pedro, a chuva e a inevitabilidade de tragédias no mundo, com esta responsabilidade própria e direta da prefeitura e do governo de São Paulo?
Certo os problemas existiam também nas administrações anteriores, incluso do PT. Mas isso é justificativa para ter feito tão pouco?
Vejam a foto a seguir. Alagamento na 9 de julho, onde devia ter sido construido o piscinão previsto no financiamento do BID em 2004 e só retomado agora, segundo declarações de Kassab. 6 anos parado por decisão política de Serra e Kassab. A responsabilidade total, direta e sem porem é dos demo-tucanos e Soninha faz parte. Sem ironia.
Luis Favre
FONTE: BLOG DO FAVRE