Não se trata da vida privada do governador. O que Serra prepara é o “divorcio” público com Kassab.
A Folha, que tem o dom de detectar os desejos de Serra, nos dá hoje um“inside” do que esta por vir.
“Serra chegou ao evento acompanhado do secretário de Desenvolvimento e ex-governador paulista, Geraldo Alckmin. Kassab já estava no local.
Após responder aos jornalistas, Serra foi visitar a escola, enquanto Kassab concedia entrevista. O prefeito foi embora antes de o governador retornar.” (Folha SP – Explorar cassação é “ridículo”, diz Serra – 24/2/2010).
O intuito é evitar que cole a etiqueta que Kassab é o Pitta de Serra.
Se trata de uma reviravolta de toda a estratégia de Serra em relação ao DEM e que vinha aplicando com esmero -e certo êxito- desde que decidiu abandonar a prefeitura em 2006.
Na sua estratégia presidencial Serra fez do DEM e de sua reciclagem como partido “renovado”, o eixo de sua política de alianças e um instrumento de combate aos seus adversários internos.
Levou a frente está orientação incluso contra o candidato do próprio PSDB no pleito municipal de 2008 e tinha feito do único governador do DEM, José Roberto Arruda, o gestor moderno e eficiente que poderia ser seu vice em 2010. O DEM “moderno”, sem os “coronéis” do passado, forneceria também o tempo necessário na TV e seria complementado com os transfugas do próprio PMDB nos acertos regionais.
José Arruda sucumbiu da pior maneira possível para Serra: no xadrez.
Kassab, por sua vez, afunda na impopularidade pelo descaso com as enchentes e fica exposto publicamente pelo financiamento irregular de mais de 30% de sua campanha, por um lobby interessado na modificação do Plano Diretor da cidade.
Desta orientação central na estratégia de Serra, só fica agora a questão do tempo de TV. Pelo resto, as figuras do DEM são um peso, do qual o candidato tucano quer se desfazer o mais rapidamente possível.
No Rio, por exemplo, a aliança do candidato de Serra e do PSDB com a candidatura ao senado do demo Cesar Maia, começou a ser questionada.
Em São Paulo, protegido pela mídia na questão das enchentes, fez de Kassab o único responsável pelo desastre e claramente recusou-se a alavancar a candidatura do prefeito ao posto de governador.
Virando 180 graus, seu desafeto Alckmin virou a noiva paparicada e daqui em diante é com ele que Serra gostaria de ser identificado.
As notinhas que precederam este desfecho, indicando desacordo de Serra com Kassab na questão do aumento da tarifa de ônibus ou no IPTU, agora serão ampliadas para dissociar cada vez mais Serra de Kassab.
E como todo mundo sabe, Serra e Alckmin sempre foram muito unidos… e serão felizes for ever.
Pelo resto começa a ser cada vez mais premente arrumar um vice de fora do DEM, para mascarar a participação deste partido na coligação, mantida exclusivamente por conveniência de tempo de TV.
As pressões para fazer de Aécio o vice de Serra serão cada vez maiores, como uma questão de sobrevida, para não ver naufragar sua campanha à presidente.
Luis Favre
“Não me deixe sozinho com o Kassab!”
Serra, puxando Alckmin pra seu lado, durante uma inauguração ontem
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