As enchentes que castigam São Paulo desde dezembro passado não são culpa exclusiva da mãe-natureza, como insiste em alardear a mídia demo-tucana. Bem diferente da postura adotada na gestão de Marta Suplicy, quando os âncoras e comentaristas da televisão crucificaram a prefeita petista, agora a mídia tenta limpar a barra dos responsáveis – culpa Deus e o povo. A TV Globo, sob o comando do “senhor das trevas” Ali Kamel, amiguinho de José Serra, é a mais tendenciosa na cobertura. O governador nem sequer é citado, parece que submergiu nas águas lamacentas.
E isto quando os estragos causados não têm qualquer comparação na história recente do estado. Até o final de janeiro, cerca de 70 pessoas já haviam morrido em decorrência dos desabamentos e afogamentos; 132 cidades paulistas tinham sido atingidas por inundações e desmoronamentos; bairros da capital e 26 municípios do interior estavam alagados, com a população vegetando em lonas e barracos, sem comida e água para beber. Diante do caos, o prefeito demo Kassab culpou os pobres; o governador tucano Serra sumiu; e a mídia demo-tucana faz de tudo para blindá-los.
Recursos desviados para a publicidade
Mas o povo não é bobo e a verdade vai aparecendo aos poucos – o que talvez explique a queda do presidenciável tucano nas últimas pesquisas de opinião pública. Várias entidades populares e técnicos sérios passaram a denunciar os verdadeiros culpados pelo drama vivido pelos paulistas. O Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente (Sintaema) comprovou que a empresa responsável pelo setor, Sabesp, foi sucateada durante o longo reinado tucano no estado, com a demissão de milhares de funcionários e os cortes nos investimentos em infra-estrutura.
Com base em várias denúncias, a bancada do PT na Assembléia Legislativa entrou nesta semana com representação na Procuradoria Geral da Justiça para que sejam apuradas “as suspeitas de ilegalidade, inconstitucionalidade e improbidade na gestão de José Serra, que reduziu os recursos para a prevenção e combate às enchentes”. O partido responsabiliza o governador por “má gestão e omissão criminosa” e denúncia que os recursos para a prevenção das enchentes estão sendo remanejados e “têm sido destinados à publicidade do seu governo, visando à eleição de 2010”.
Cortes nos gastos em infra-estrutura
As provas exibidas pela bancada petista são irrefutáveis. De acordo com dados do Orçamento do Estado, em 2010 houve redução de 20% nas operações de combate a enchentes. Em 2009, foram previstos R$ 252 milhões; já em 2010, estão estimados R$ 200 milhões – uma queda de R$ 51,5 milhões. “Os números revelam que será cortado quase o dobro do valor dos atuais contratos para desassoreamento da calha do Rio Tietê, que somam R$ 27,2 milhões – se com os valores atuais o resultado é o visto, imagine-se com um corte que é o dobro dos valores atuais”, alerta a bancada.
O orçamento estadual também prevê menos investimentos em serviços e obras complementares da Bacia do Alto Tietê. O corte proposto para 2010 é de 61%. Já no Departamento de Água e Energia Elétrica, órgão do governo responsável pelas obras da calha do Tietê, foi previsto um corte de R$ 20,3 milhões. “Essa redução se dá especialmente nas despesas correntes, onde estão as ações de desassoreamento da calha, que atingiram o valor de R$ 30,8 milhões e o impacto de R$ 42 milhões a menos nos investimentos”, descreve o texto da representação.
“Má gestão e imoralidade pública”
A Procuradoria recebeu tabelas comparativas entre os gastos no combate às enchentes e os gastos em publicidade. Extraídas do Sistema de Gerenciamento de Execução Orçamentária (Sigeo), elas revelam que, entre 2006 e 2009, José Serra deixou de contratar o desassoreamento e de destinar recursos adequados ao combate às inundações. “Havia uma previsibilidade e, então, temos uma omissão culposa, além da má gestão e da improbidade face à imoralidade do desvio de finalidade que a alocação dos recursos representa”, critica o deputado Ruy Falcão, líder da bancada.
Os estragos causados pelas enchentes em São Paulo, além de confirmarem o total menosprezo do governador José Serra com os dramas da população, corroboram a tese de que existe uma relação promíscua entre o grão-tucano e a mídia golpista. Como insiste o jornalista Luiz Carlos Azenha, no vigilante blog “Vi o mundo”, a imprensa evita desnudar as verdadeiras causas desta tragédia paulista. Ela inocenta o presidenciável tucano e prefere culpar Deus e os pobres, fazendo vários malabarismos jornalísticos e estatísticos para justificar o injustificável.
Mídia não toca na promessa tucana
O atento blogueiro observa que “nos últimos dias, a Folha e outros órgãos da mídia tem dançado em torno de um recorde irrelevante: se as chuvas desde janeiro em São Paulo serão ou não as maiores dos registros históricos. Minha pergunta é: e daí? Para quem é vitima das enchentes ou para quem dirige pelas marginais do Tietê e de Pinheiros isso é absolutamente irrelevante”. Para ele, o bom jornalismo recomendaria averiguar porque a principal promessa eleitoral dos tucanos, a do fim das enchentes na calha do rio Tietê, afundou de vez no cotidiano lamaçal paulista.
“É impossível dançar em torno dessa realidade: o gerenciamento das represas do Alto Tietê e a capacidade de vazão do rio são essenciais não apenas para a temporada de chuvas de 2010, mas de 2011, 2012, 2013…, independentemente de quem seja o governador. Sabemos que Geraldo Alckmin concluiu uma obra bilionária cuja promessa central era acabar com as enchentes em São Paulo… No entanto, quatro anos depois da conclusão desta obra o rio Tietê já transbordou quatro vezes: uma durante o próprio governo de Alckmin e três recentemente, no governo Serra. Foram milhões em prejuízos para a cidade, tanto em danos diretos como em danos indiretos”.
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