sábado, 15 de maio de 2010

Eduardo Guimarães - Lula, rumo ao Nobel da Paz

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A Chancelaria do Irã anunciou, neste sábado, que existe a possibilidade de seu país aceitar a proposta que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva levará ao presidente Mahmoud Ahmadinejad: “Sobre as negociações, acredito que as condições tendem a levar a um acordo sério sobre a troca”, afirmou o porta-voz.

Lula viajou neste sábado a Teerã, onde proporá a Ahmadinejad que o Irã aceite enviar urânio de baixo enriquecimento ao exterior recebendo em troca urânio de melhor qualidade. A proposta é apoiada pela ONU.

Esse seria o maior entre os tantos êxitos da política externa brasileira, que guindou nosso presidente a uma posição no cenário internacional jamais alcançada por nenhum outro chefe de Estado brasileiro em toda a história.

Como se não bastasse, tal acordo imprimiria a paz entre Irã e Estados Unidos, que se encontram à beira de um contencioso que pode ir de duras sanções econômicas ao país oriental até um difícil – mas não impossível – conflito armado na região mais conflagrada do planeta.

Fica difícil imaginar que uma vitória diplomática como essa não resulte na indicação do presidente brasileiro ao Prêmio Nobel da Paz e em uma quase certa vitória dessa indicação, pois não haverá, na história recente, feito tão expressivo em termos de promoção da paz.

No caso de um possível fracasso na negociação entre Lula e Ahmadinejad, será só mais uma picuinha criticar a iniciativa brasileira. Mesmo que a imprensa tupiniquim tente faturar em cima de um eventual fracasso, na cabeça dos brasileiros que apóiam o presidente com verdadeiro fervor e que são enorme maioria, não passará de mais uma prova de mesquinhez criticarem-no por tentar promover a paz.

No entender deste blogueiro há boas condições para que Lula tenha sucesso, pois o resultado de uma recusa de Ahmadinejad ao acordo será desastrosa para o Irã, que iria se expor não só às duras retaliações da comunidade internacional, mas à máquina de guerra norte-americana. Aceitar o acordo com Lula seria uma saída honrosa.

Ao fim deste domingo, 16 de maio de 2010, Lula pode gravar seu nome, definitivamente, não só na história do Brasil, mas da humanidade.

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Serra: o anti-Lula

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aaaaaaaserra
Por Emiliano José, na revista CartaCapital

As eleições deste ano apresentam um quadro curioso: o candidato da oposição tenta ser situação. Faz um esforço danado para não se contrapor ao presidente Lula. Quer fazer a simulação de que a disputa se dará entre pessoas, entre ele e a candidata do governo, Dilma Roussef. Ao menos tem sido essa a movimentação do ex-governador de São Paulo, José Serra, mesmo que oriente seus cães de guarda para bater no presidente e em sua política, resguardando alguns pontos que considera imbatíveis, como o Bolsa-Família, por exemplo. Serra faz das tripas coração para não ter parecença com o anti-Lula. Quer individualizar a campanha, evitar a todo custo o confronto de projetos nacionais. Será que essa estratégia tem futuro? Não creio.
Serra é o anti-Lula, por obviedade. Lidera um projeto diverso daquele que vem sendo executado pela atual conformação de forças no poder, liderada pelo Partido dos Trabalhadores. Serra é o líder de um conjunto de forças sociais e políticas que representa inegavelmente o pensamento neoliberal no Brasil, pensamento que ganhou consistência exatamente nos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, cujo personagem virou quase maldito hoje nas hostes do PSDB. Querem escondê-lo, mitigar o discurso dele, evitar que ele fale exatamente por conta da estratégia serrista. Se Collor foi o marco inaugural do neoliberalismo tardio no Brasil, o PSDB, com FHC à frente, Serra então como ministro, foi o verdadeiro condutor desse projeto no País.
O PSDB foi competente na condução da política neoliberal, isso ninguém pode esconder. Collor foi uma figura tosca, sem consistência, dada ao espetáculo, embora procurasse dar os primeiros passos para fazer avançar o pensamento neoliberal no Brasil. Caiu da forma que se sabe, e não compensa gastar mais tempo para explicar o episódio do impeachment. O neoliberalismo, com sua face cruel, fria, perversa veio com toda carga sob a direção do PSDB, e seu condottiere foi exatamente FHC. Durante os oito anos do PSDB, quase que o País vai à falência. Com a ideia básica de que o mercado tudo pode, com a afirmação do Estado mínimo, fez-se a privatização criminosa que se conhece, endividou-se o País da forma que se sabe, nos colocaram de joelhos diante do FMI, tudo com as graves consequências sociais, por demais conhecidas.
O governo Lula, e não poderia ser diferente, fez o contrário disso. O projeto encabeçado pelo PT, cuja execução iniciou-se em 2003, com a posse de Lula, que eu prefiro chamar de projeto da revolução democrática, seguiu roteiro inverso ao do PSDB. Nele, o Estado passa a ter outra dimensão. Não se trata mais do Estado mínimo. Havia que se reestruturar o Estado no País, depois do furacão neoliberal peessedebista. Não é por acaso que uma das críticas centrais do PSDB ao governo seja exatamente o do “inchaço da máquina”, tradução da incorporação de milhares de pessoas via concurso para garantir serviços de boa qualidade e para assegurar capacidade técnica ao Estado para cumprir as metas de melhorar a vida do povo brasileiro.
Para o projeto da revolução democrática, não se tratava mais de usar os fundos públicos para satisfazer os apetites do grande capital, característica do governo do PSDB. Agora, tratava-se de desenvolver políticas sociais capazes de enfrentar a tragédia da profunda desigualdade social existente no País, usar os fundos públicos para isso, e garantir assim a inclusão de milhões de pessoas à cidadania ativa porque com fome é difícil exercer a cidadania. O projeto da revolução democrática leva a sério a ideia de fazer do Brasil um país justo para todos, e para tanto leva em conta a desigualdade e as disparidades de gênero, de raça e até mesmo as diferenças regionais. É dessa maneira que devem ser encarados o Bolsa-Família, o Prouni, o Pronaf, o aumento do salário mínimo acima da inflação, entre outras medidas que tem assegurado que milhões de pessoas ascendam de modo mais pleno à cidadania.
Dessa maneira, olhados os contornos dos dois projetos, seria possível reduzir o embate eleitoral apenas a um cotejamento de personalidades, como pretende Serra? Seria possível escamotear a existência de dois projetos distintos para o País? Não creio. O povo brasileiro, nas eleições presidenciais, tem votado em projetos, sem que naturalmente desconsidere as características individuais de cada candidato. Se um projeto está dando certo, se tem efetivamente melhorado a vida das maiorias, estas maiorias normalmente optam pela continuidade porque tem razões de sobra para tanto. Creio que o comando da campanha do PT sabe que não deve deixar o debate caminhar apenas para o terreno das personalidades, embora não possa deixar de tratar das tantas qualidades, dos tantos atributos de Dilma Roussef.
Serra não poderá esconder o seu programa para o Brasil. E não poderá dizer que vai continuar o governo Lula. Se o fizer, joga água no moinho de Dilma. Afinal, entre a cópia e o original, o povo preferirá o original. E mesmo que o faça, não terá credibilidade para isso. Todo mundo reconhece nele a continuidade do governo FHC, com suas adaptações para a conjuntura em que vivemos. Não poderá tentar vestir a camisa do Estado forte, como chegou a propagar no lançamento de sua candidatura, quando se sabe que o ideário dele e de seu partido está profundamente vinculado ao Estado mínimo, com todas as suas consequências. Aquela afirmação, a do Estado forte, constitui uma vacina ao programa de Dilma que, aliás, foi violentamente atacada pela mídia ao defender a mesma idéia, aí com absoluta propriedade pelo fato de o governo Lula ter, nesses dois mandatos, se oposto à mitigação do papel do Estado, não ter privatizado nenhuma empresa estatal e ter fortalecido os serviços públicos.
Serra, quando a sua equipe econômica falou à agência Reuters recentemente, deixou claro o quanto está comprometido com o programa neoliberal, ao contrário do que quer fazer parecer. Isso foi revelado em artigo de Emir Sader, publicado pela agência Carta Maior, em 6 de maio deste ano. Primeiro, ele faria um duro ajuste fiscal. Promoveria a renegociação de contratos e o corte de despesas públicas, conforme um receituário antigo do FMI. Serra é mais real do que o rei. Nem sei se o FMI, a essa altura, exigiria isso de um Brasil que tem lhe emprestado dinheiro. Seria o que os tucanos gostam de chamar de choque de gestão, sempre um choque que afeta duramente o povo, com trágicas conseqüências sociais. “As despesas da maquina pública estão sob um controle muito frouxo”, disse a fonte tucana à Reuters, que é critica também em relação ao que chama de aumento das despesas públicas.
Diz ainda a mesma fonte, que o papel dos bancos públicos será “relativizado”, um claro recado ao mercado. Aí, Serra quer dizer que seguirá o mesmo receituário do governo de São Paulo, quando ele privatizou o Banespa, e colocou a Nossa Caixa à venda, essa, para sorte do povo, resgatada pelo Banco do Brasil. Na visão tucana, o fortalecimento dos bancos públicos contribuiria para “aumentar a pressão inflacionária”. Tudo, como se vê, de acordo com o receituário neoliberal. Imaginemos nós o que seria do Brasil face à crise econômica que começou em 2008 se não contássemos com os bancos públicos.
Diz a fonte tucana que os bancos públicos “não precisam ter uma política tão protagonista neste pós-crise”. Ou seja, vamos privatizar os bancos públicos, já que não há mais crise. Se vier outra crise, e o capitalismo vive delas, bem, aí veremos o que fazer… E aí, quem sabe, fariam o mesmo que fizeram durante a gestão tucana, particularmente o desastre de 1998/99, quando quase faliram o País. Na entrevista, a fonte tucana, ecoando o pensamento serrista, diz que foram exagerados os estímulos fiscais dados pelo governo Lula durante a crise recente. “Não precisava dar para toda a linha branca e depois para os móveis”. Tucano acredita sempre que o mercado tem soluções mágicas para as crises. Tivesse, e o Estado, no mundo, não teria que intervir tão fortemente como teve de fazê-lo para fazer frente à crise.
Se alguém quiser se enganar, que se engane. Não há dúvida: o PSDB tem um projeto claro para o Brasil. Serra é a continuidade de FHC, é a continuidade daquele projeto. As biografias individuais devem ser levadas em conta, naturalmente. E não deve haver qualquer receio de comparações. Afinal, a tentativa de pretender uma Dilma inexperiente, por exemplo, é de um primarismo completo. Ela tem uma longa vida política e administrativa.
E Lula, antes, aliás, não havia ocupado nenhum cargo executivo, e se tornou o maior presidente da República que o Brasil teve. Essas comparações de biografias, no entanto, não podem nem devem ser o centro da campanha. O que temos de ressaltar é que há um projeto Lula – vamos chamar assim para efeito simbólico – com todas as suas extraordinárias e positivas conseqüências para o povo brasileiro, e um projeto Serra, neoliberal, o anti-Lula, cujo impacto negativo o Brasil conheceu e não gostou. O que está em jogo é se continua a revolução democrática em curso, ou se ela é estancada pelo projeto neoliberal, pelo anti-Lula.
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Investigação da PF vê corrupção no governo do PSDB-SP

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 Metrô de São Paulo
SUSPEITA: A obra de extensão do Metrô, em São Paulo. Para a PF, os manuscritos mostram que teria havido corrupção na construção

Investigação da PF vê corrupção no governo do PSDB-SP

No material apreendido na Operação Castelo de Areia, a Polícia Federal diz ter encontrado indícios de propinas a funcionários dos governos do PSDB em São Paulo. Num dos documentos aparece o nome do deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP), homem de confiança do ex-governador José Serra.

 

Para fazer frente à propaganda do PT, que apresenta a candidata Dilma Rousseff como a “mãe” do PAC, o Programa de Aceleração do Crescimento, a principal arma do PSDB e seu candidato, José Serra, são as grandes obras feitas pelo seu governo em São Paulo. Entre elas estão a Linha 4 do Metrô e o trecho sul do Rodoanel, o anel viário no entorno da capital paulista que liga as principais rodovias do Estado. A estratégia de Serra sofrerá o impacto de novas suspeitas de corrupção lançadas pela Polícia Federal no inquérito da Operação Castelo de Areia, que investigou a Construtora Camargo Corrêa.

As suspeitas da PF se baseiam em material apreendido na casa do diretor financeiro da empreiteira, Pietro Giavina Bianchi: um pen drive e uma pasta com documentos. Para a PF, as anotações encontradas lá reúnem indícios de pagamento de propina pela empreiteira em grandes obras públicas. A contabilidade se refere aos anos entre 2006 e 2008. ÉPOCA teve acesso ao relatório da inteligência da PF com a análise das anotações feitas por Pietro. Algumas delas sugerem ligações do diretor financeiro da Camargo Corrêa com altas autoridades de governos tucanos em São Paulo.



Um dos manuscritos, datado de 2006, com anotações referentes às obras do Metrô e do “anel viário”, relaciona valores ao lado das iniciais “AM” e Arnaldo Madeira. Seria uma alusão, segundo a interpretação da polícia, ao deputado federal Arnaldo Madeira (PSDB-SP), que foi chefe da Casa Civil do governo de São Paulo durante a gestão de Geraldo Alckmin. Os valores, segundo a conclusão da PF, foram contabilizados como “custos diversos” por Bianchi e representaria 5% da receita líquida da empresa no dia 21 de março. No total, esses “custos diversos” representariam R$ 326.500 e foram divididos em três partes: R$ 32.650 (0,5%) para “AM”; R$ 130.600 (2%) para “CAMP”, ao lado das anotações “Rosa + Arnaldo Madeira”; e R$ 163.250 para “Metrô (+ Ass)”, seguida do manuscrito “David”. Essa parte, segundo a PF, supostamente teria sido destinada a Luiz Carlos Frayze David, que foi presidente da Companhia do Metropolitano entre 2003 e 2007.

Em 2006, Arnaldo Madeira elegeu-se deputado federal e não registrou oficialmente nenhuma doação vinda da Camargo Corrêa ou de suas empresas para sua campanha eleitoral. Madeira negou ter recebido dinheiro ou doações de campanha da empreiteira. “Eu nem conheço o diretor financeiro da Camargo Corrêa, nem sei quem é. Não tenho nenhuma relação com os sócios da empreiteira, o que pode ser até falha minha. Pode ser até que eu conheça de algum evento social, mas não sou capaz de identificar um diretor da empreiteira.” Como chefe da Casa Civil do governo Alckmin, Madeira era o responsável por checar se as obras do Metrô e do Rodoanel estavam no prazo previsto. Madeira diz não ter ideia de como seu nome foi parar nas anotações do diretor da Camargo Corrêa e disse que não foi comunicado oficialmente sobre nenhuma investigação a esse respeito.

As obras do Metrô e do Rodoanel são a "vacina"
de Serra contra o PAC de Dilma 

No relatório da inteligência da PF sobre o material apreendido na casa de Bianchi, o maior número de menções se refere supostamente ao ex-presidente do Metrô Luiz Carlos Frayze David. São quatro referências, que totalizariam R$ 778.220. Numa anotação datada de 31 de janeiro de 2006, ele foi identificado pelos policiais federais como o “DV+DIR+ASS” que teria recebido R$ 160 mil da Camargo Corrêa. Ele também estaria representado pelas siglas “DV” e “Diret”.

David saiu da presidência do Metrô em fevereiro de 2007, logo no começo do governo Serra, 40 dias após o acidente nas obras da Estação Pinheiros, que soterrou sete pessoas. O Ministério Público Estadual o corresponsabilizou pelo acidente. Ele é réu no processo que pede o ressarcimento de R$ 240 milhões aos cofres públicos como indenização pela cratera aberta em 2007. Atualmente, é assessor técnico da Secretaria dos Transportes. ÉPOCA o procurou para entrevistá-lo na última sexta-feira, mas sua secretária informou que, nesses dias, ele não costuma aparecer na Secretaria dos Transportes.

No documento dos policiais federais também há várias referências às obras do trecho sul do Rodoanel. Nele, o principal personagem é Paulo Vieira de Souza, ou simplesmente “Paulo Preto”. Souza foi diretor do Desenvolvimento Rodoviário S.A. (Dersa), o órgão responsável pelo Rodoanel. Ele é amigo de Aloysio Nunes Ferreira, ex-secretário da Casa Civil do governo Serra e candidato a senador pelo PSDB. Segundo os policiais, Souza teria recebido quatro pagamentos mensais de R$ 416.500, desde dezembro de 2007. Neste ano, apenas oito dias depois de ter participado da inauguração do Rodoanel, Souza foi exonerado do cargo sem explicações oficiais.

Souza estava na Dersa desde 2005. Mas era funcionário de carreira do governo paulista havia 20 anos e diz desconhecer os motivos de sua demissão. “O Rodoanel é a única obra do PAC que não teve superfaturamentos e foi entregue no prazo. Nem todo mundo deve ter gostado”, diz ele, sugerindo que sua atuação teria desagradado a partes envolvidas na construção do anel viário. O governo federal, por meio do PAC, investiu cerca de R$ 1,7 bilhão na obra. Segundo o próprio Souza, ele e Nunes Ferreira são amigos há decadas. “Nunca fui comunicado oficialmente. Também não conheço nenhum diretor da Camargo Corrêa citado no caso”, disse.

Nunes Ferreira também reconhece a amizade antiga, mas nega ter recebido doações ilegais da empreiteira. Segundo ele, o Rodoanel foi aprovado pelos órgãos competentes de fiscalização e continuará como uma das vitrines de Serra na campanha. “O Rodoanel teve apenas um aditivo de 5% de seu valor total, um recorde para os padrões do Brasil”, diz.

Em janeiro, o ministro Cesar Asfor Rocha, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu paralisar por meio de uma liminar todos os processos da Castelo de Areia até que seja julgado o pedido da defesa da Camargo Corrêa que reclama de irregularidades na investigação. É importante lembrar que as acusações da PF são feitas com bases em indícios e precisam ser comprovadas. Também é relevante o fato de elas terem vindo à tona agora, em período eleitoral, e que se dirijam contra os principais projetos de um dos candidatos. O PT também já foi implicado na investigação. O nome do partido aparece ao lado de remessas de dinheiro para contas no exterior. Na certa, ainda haverá munição para os dois lados se atacarem nesta campanha presidencial.

Fonte: Revista Época

sábado, 8 de maio de 2010

Um dia ele vira um menino de verdade

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Do discurso “O Brasil pode mais”, de José Serra:

“O governo deve ouvir a voz dos trabalhadores e dos desamparados, das mulheres e das famílias, dos servidores públicos e dos profissionais de todas as áreas, dos jovens e dos idosos, dos pequenos e dos grandes empresários, do mercado financeiro, mas também do mercado dos que produzem alimentos, matérias-primas, produtos industriais e serviços  essenciais,  que são o fundamento do nosso desenvolvimento, a máquina de gerar empregos, consumo e riqueza.








O governo deve servir ao povo, não a partidos e a corporações que não representam o interesse público.”

Pobre Grilo Falante…
PS. Para quem não acredita que ele tenha dito isso, a transcrição é literal,  sem cortes. Sem acréscimos, embora seja tudo tão falso que ele poderia ter dito até que apoiava Lula e votava na Dilma.

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Lula, “Campeão Mundial na Luta contra a Fome” segundo a ONU

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Lula receberá prêmio da ONU

REUTERS – AGÊNCIA ESTADO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva receberá o prêmio “Campeão Mundial na Luta contra a Fome” do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, informou a entidade nesta sexta-feira.
A premiação será realizada em Brasília na segunda-feira e será entregue pela diretora executiva da agência da Organização das Nações Unidas, Josette Sheeran, anunciou o órgão em seu site na Internet.
Ela iniciará visita de dois dias ao Brasil no domingo e deverá visitar projetos do programa Fome Zero em cidades próximas a Brasília para avaliar o impacto da iniciativa.
Segundo a PMA, “o prêmio destaca a importância da parceria com o Brasil em momentos como o terremoto no Haiti… e o reconhecimento dos esforços do governo do país no cumprimento das Metas do Milênio”.
Na semana passada, a revista norte-americana “Time” elegeu Lula como um dos 25 líderes mais influentes do mundo.
(Por Hugo Bachega)
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quarta-feira, 5 de maio de 2010

Eduardo Guimarães - Exorbitante propaganda tucana

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O Brasil é um país cujas instituições não estão à altura de seu estágio de desenvolvimento econômico e social. Entre as tantas anomalias nos diversos poderes da República, aproveitando o gancho do ano eleitoral quero destacar a mais acintosa, o poder que a mídia ainda detém sobre o Poder Judiciário.
Sob pressão ou por medo das grandes empresas de comunicação de massa, Poder Judiciário, Ministério Público e Justiça Eleitoral se agacham.
O Ministério Público fecha os olhos para promoção de alarmismo midiático que mata pessoas e convulsiona a Saúde pública e a Justiça Eleitoral multa o presidente da República por “campanha eleitoral” antecipada enquanto ignora a escandalosa e multimilionária propaganda política do governo de São Paulo nas tevês e nas rádios.
O leitor que não é de São Paulo não pode imaginar o tamanho da campanha auto-promocional que o candidato tucano a presidente, José Serra, começou por aqui antes de deixar o cargo de governador e que continua a todo vapor.
O dia inteiro, de segunda a segunda, em todas as rádios e televisões, a cada intervalo comercial é martelada uma campanha publicitária dizendo que “São Paulo é um Estado cada vez melhor” a uma população que vê a violência explodir, a Educação pública ser reprovada a cada certame nacional e internacional, a Saúde permanecer caótica...
Em nenhum momento, antes deste ano, vi uma campanha assim de governo nenhum. É um massacre publicitário de proporções faraônicas. Enquanto isso, a oposição petista não vai ao Judiciário – que precisa ser provocado – e o Ministério Público faz de conta que não vê, porque sabem que a retaliação midiática virá forte, concentrada nas pessoas que tomarem uma atitude.
Eis um excelente tema para a imprensa alternativa explorar. Quais as bases legais para uma campanha publicitária tão dispendiosa e massificada em um ano eleitoral? Qual é o valor exato dessa gastança promocional, com dinheiro público, de um candidato a presidente? Que parcela dos paulistas sabe quanto o governo do Estado está gastando do dinheiro do contribuinte com essa propaganda política descarada?
Para o cidadão comum, é difícil obter esses dados. A publicidade do governo do Estado é uma caixa-preta.
Não há, por exemplo, como saber quanto estão custando essas peças cinematográficas exaltando o governo Serra/Goldman e o PSDB nas tevês e nas rádios de uma forma revoltante, pois não se consegue ouvir ou assistir nada por mais de 15 minutos sem ser bombardeado com os jingles tucanos e com imagens fajutas de uma situação do Estado que simplesmente não existe.
O Ministério Público e a oposição petista não tomam atitude. E eu, contribuinte de São Paulo, tenho que pagar para uma facção política que desaprovo mentir descaradamente o dia inteiro, sete dias por semana, trinta dias por mês nas tevês e rádios a que estes olhos e ouvidos indignados estiverem expostos. 

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A Idade Mendes

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No fim das contas, a função primordial do ministro Gilmar Mendes à frente do Supremo Tribunal Federal foi a de produzir noticiário e manchetes para a falange conservadora que tomou conta de grande parte dos veículos de comunicação do Brasil. De forma premeditada e com muita astúcia, Mendes conseguiu fazer com que a velha mídia nacional gravitasse em torno dele, apenas com a promessa de intervir, como de fato interveio, nas ações de governo que ameaçavam a rotina, o conforto e as atividades empresariais da nossa elite colonial. Nesse aspecto, os dois habeas corpusconcedidos ao banqueiro Daniel Dantas, flagrado no mesmo crime que manteve o ex-governador do Distrito Federal José Roberto Arruda no cárcere por 60 dias, foram nada mais que um cartão de visitas. Mais relevante do que tudo foi a capacidade de Gilmar Mendes fixar na pauta e nos editoriais da velha mídia a tese quase infantil da existência de um Estado policialesco levado a cabo pela Polícia Federal e, com isso, justificar, dali para frente, a mais temerária das gestões da Suprema Corte do País desde sua criação, há mais cem anos.
Num prazo de pouco menos de dois anos, Mendes politizou as ações do Judiciário pelo viés da extrema direita, coisa que não se viu nem durante a ditadura militar (1964-1985), época em que a Justiça andava de joelhos, mas dela não se exigia protagonismo algum. Assim, alinhou-se o ministro tanto aos interesses dos latifundiários, aos quais defende sem pudor algum, como aos dos torturadores do regime dos generais, ao se posicionar publicamente contra a revisão da Lei da Anistia, de cuja à apreciação no STF ele se esquivou, herança deixada a céu aberto para o novo presidente do tribunal, ministro Cezar Peluso. Para Mendes, tal revisão poderá levar o País a uma convulsão social. É uma tese tão sólida como o conto da escuta telefônica, fábula jornalística que teve o presidente do STF como personagem principal a dialogar canduras com o senador Demóstenes Torres, do DEM de Goiás.
A farsa do grampo, publicada pela revista Veja e repercutida, em série, por veículos co-irmãos, serviu para derrubar o delegado Paulo Lacerda do comando da PF, com o auxílio luxuoso do ministro da Defesa, Nelson Jobim, que se valeu de uma mentira para tal. E essa, não se enganem, foi a verdadeira missão a ser cumprida. Na aposentadoria, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá tempo para refletir e registrar essa história amarga em suas memórias: o dia em que, chamado “às falas” por Gilmar Mendes, não só se submeteu como aceitou mandar para o degredo, em Portugal, o melhor e mais importante diretor geral que a Polícia Federal brasileira já teve. O fez para fugir de um enfrentamento necessário e, por isso mesmo, aceitou ser derrotado. Aliás, creio, a única verdadeira derrota do governo Lula foi exatamente a de abrir mão da política de combate permanente à corrupção desencadeada por Lacerda na PF para satisfazer os interesses de grupos vinculados às vontades de Gilmar Mendes.
O presidente do STF deu centenas de entrevistas sobre os mais diversos assuntos, sobretudo aqueles sobre os quais não poderia, como juiz, jamais se pronunciar fora dos autos. Essa é, inclusive, a mais grave distorção do sistema de escolha dos nomes ao STF, a de colocar não-juízes, como Mendes, na Suprema Corte, para julgar as grandes questões constitucionais da nação. Alheio ao cargo que ocupava (ou ciente até demais), o ministro versou sobre tudo e sobre todos. Deu força e fé pública a teses as mais conservadoras. Foi um arauto dos fazendeiros, dos banqueiros, da guarda pretoriana da ditadura militar e da velha mídia. Em troca, colheu farto material favorável a ele no noticiário, um relicário de elogios e textos laudatórios sobre sua luta contra o Estado policial, os juízes de primeira instância, o Ministério Público e os movimentos sociais, entre outros moinhos de vento vendidos nos jornais como inimigos da democracia.
Na imprensa nacional, apenas CartaCapital, por meio de duas reportagens (“O empresário Gilmar” e Nos rincões de Mendes”), teve coragem de se contrapor ao culto à personalidade de Mendes instalado nas redações brasileiras como regra de jornalismo. Por essa razão, somos, eu e a revista, processados pelo ministro. Acusa-nos, o magistrado, de má fé ao divulgar os dados contábeis do Instituto Brasiliense de Direito Público (IDP), uma academia de cursinhos jurídicos da qual Mendes é sócio. Trata-se de instituição construída com dinheiro do Banco do Brasil, sobre terreno público praticamente doado pelo ex-governador do DF Joaquim Roriz e mantido às custas de contratos milionários fechados, sem licitação, com órgãos da União.
Assim, a figura de Gilmar Mendes, além de tudo, está inserida eternamente em um dos piores momentos do jornalismo brasileiro. E não apenas por ter sido o algoz do fim da obrigatoriedade do diploma para se exercer a profissão, mas, antes de tudo, por ter dado enorme visibilidade a maus jornalistas e, pior ainda, fazer deles, em algum momento, um exemplo servil de comportamento a ser seguido como condição primordial de crescimento na carreira. Foi dessa simbiose fatal que nasceu não apenas a farsa do grampo, mas toda a estrutura de comunicação e de relação com a imprensa do STF, no sombrio período da Idade Mendes.
Emblemática sobre essa relação foi uma nota do informe digital “Jornalistas & Companhia”, de abril de 2009, sobre o aniversário do publicitário Renato Parente, assessor de imprensa de Gilmar Mendes no STF (os grifos são originais):
“A festa de aniversário de 45 anos de Renato Parente, chefe do Serviço de Imprensa do STF (e que teve um papel importante na construção da TV Justiça, apontada como paradigma na área da tevê pública), realizada na tarde do último domingo (19/4), em Brasília, mostrou a importância que o Judiciário tem hoje no cenário nacional. Estiveram presentes, entre outros, a diretora da Globo, Sílvia Faria, a colunista Mônica Bergamo, e o próprio presidente do STF, Gilmar Mendes, entre outros.”
 Olha, quando festa de aniversário de assessor de imprensa serve para mostrar a importância do Poder Judiciário, é sinal de que há algo muito errado com a instituição. Essa relação de Renato Parente com celebridades da mídia é, em todos os sentidos, o pior sintoma da doença incestuosa que obriga jornalistas de boa e má reputação a se misturarem, em Brasília, em cerimônias de beija-mão de caráter duvidoso. Foi, como se sabe, um convescote de sintonia editorial. Renato Parente é o chefe da assessoria que, em março de 2009, em nome de Gilmar Mendes, chamou o presidente da Câmara, deputado Michel Temer (PMDB-SP), às falas, para que um debate da TV Câmara fosse retirado do ar e da internet. Motivo: eu critiquei o posicionamento do presidente do STF sobre a Operação Satiagraha e fiz justiça ao trabalho do delegado federal Protógenes Queiroz, além de citar a coragem do juiz Fausto De Sanctis ao mandar prender, por duas vezes, o banqueiro Daniel Dantas.
Certamente em consonância com o “paradigma na área de tevê pública” da TV Justiça tocada por Renato Parente, a censura na Câmara foi feita com a conivência de um jornalista, Beto Seabra, diretor da TV Câmara, que ainda foi mais além: anunciou que as pautas do programa “Comitê de Imprensa”, a partir dali, seriam monitoradas. Um vexame total. Denunciei em carta aberta aos jornalistas e em todas as instâncias corporativas (sindicatos, Fenaj e ABI) o ato de censura e, com a ajuda de diversos blogs, consegui expor aquela infâmia, até que, cobrada publicamente, a TV Câmara foi obrigada a capitular e recolocar o programa no ar, ao menos na internet. Foi uma das grandes vitórias da blogosfera, até então, haja vista nem um único jornal, rádio ou emissora de tevê, mesmo diante de um gravíssimo caso de censura e restrição de liberdade de expressão e imprensa, ter tido coragem de tratar do assunto. No particular, no entanto, recebi centenas de e-mails e telefonemas de solidariedade de jornalistas de todo o país.
Não deixa de ser irônico que, às vésperas de deixar a presidência do STF, Gilmar Mendes tenha sido obrigado, na certa, inadvertidamente, a se submeter ao constrangimento de ver sua gestão resumida ao caso Daniel Dantas, durante entrevista no youtube. Como foi administrada pelo Google, e não pelo paradigma da TV Justiça, a sabatina acabou por destruir o resto de estratégia ainda imaginada por Mendes para tentar passar à história como o salvador da pátria ameaçada pelo Estado policial da PF. Ninguém sequer tocou nesse assunto, diga-se de passagem. As pessoas só queriam saber dos HCs a Daniel Dantas, do descrédito do Judiciário e da atuação dele e da família na política de Diamantino, terra natal dos Mendes, em Mato Grosso. Como último recurso, a assessoria do ministro ainda tentou tirar o vídeo de circulação, ao menos no site do STF, dentro do sofisticado e democrático paradigma de tevê pública bolado por Renato Parente.
Como derradeiro esforço, nos últimos dias de reinado, Mendes dedicou-se a dar entrevistas para tentar, ainda como estratégia, vincular o próprio nome aos bons resultados obtidos por ações do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), embora o mérito sequer tenha sido dele, mas de um juiz de carreira, Gilson Dipp. Ministro do Superior Tribunal de Justiça e corregedor do órgão, Dipp foi nomeado para o cargo pelo presidente Lula, longe da vontade de Gilmar Mendes. Graças ao ministro do STJ, foi feita a maior e mais importante devassa nos tribunais de Justiça do Brasil, até então antros estaduais intocáveis comandados, em muitos casos, por verdadeiras quadrilhas de toga.
É de Gilson Dipp, portanto, e não de Gilmar Mendes, o verdadeiro registro moralizador do Judiciário desse período, a Idade Mendes, de resto, de triste memória nacional.
Mas que, felizmente, se encerra hoje.

terça-feira, 4 de maio de 2010

9 conquistas de Serra

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1 - recorde histórico de obras irregulares que despencaram em SP torna Governo de SP mais eficiente do que muitos grupos terroristas:A linha 4 do metrô caiu 2 vezes, assim como o Rodoanel. Pessoas perderam casas, alguns morreram, carros foram destruídos...

2 - mais alto nível de violência já registrado em SP, e a menor transparência do Brasil .Os registros de assaltos, homicídios e etc. dispararam em SP. Para disfarçar, os dados não são mais divulgados. A política de segurança pública foi um fiasco inegável... 

3 - desvio de dinheiro da saúde para aplicações financeiras a ponto de faltarem remédios em diversas cidades, e privatização dos hospitais públicos de SP. Fracasso também na saúde...
http://producao.prsp.mpf.gov.br/tac/tac_pgweb_baixa_arquivo.php?term_id=5980

4 - briga da polícia civil com a polícia militar porque o governo congelou os salários dos primeiros durante quase 14 anos, o que fez com que o poder de compra dos salários caísse para menos da metade (talvez isso também tenha motivado o desastre em SP).

5 - alagamentos sem precedentes em SP, com bairros inteiros imersos durante semanas, mesmo depois de muitos dias sem chuva. Os motivos são vários: não houve desassoreamento do rio Tietê, as reservas da Sabesp foram privatizadas e mal administradas, não foram construídos os piscinões que há mais de 10 anos se sabia que eram necessários...

6 - conquistou o apoio da imprensa de SP, porém fez compras inexplicáveis e sem licitação - foram milhões de reais para a Editora Abril, fora as mais de 5 mil assinaturas dos jornais Folha e Estado de SP. A Veja realmente deve gostar dele... 

Nota: os milhões de reais dados à Editora Abril referem-se à compra de material pedagógico produzido pela editora e assinaturas da revista "Nova Escola" para todas as escolas estaduais de São Paulo. Serra eliminou 5 horas/aula de humanas do currículo escolar para inserir uma matéria inventada chamada "Apoio Pedagógico", que consiste em simplesmente passar o conteúdo da apostila aos alunos. A compra desse material foi feita sem licitação, o que é proibido por lei. Isso pode ser confirmado com qualquer profesor de humanas do Estado e com a Apeoesp. 
http://colunistas.ig.com.br/luisnassif/2009/06/05/o-caso-nova-escola/

7 - quando Serra era prefeito em 2005 a cidade de São Paulo contratou com dinheiro público uma empresa esotérica para que videntes ajudassem a prever os problemas que a cidade enfrentaria. Trata-se da Fundação Cobra Coral - e do seu dinheiro, é claro.

8 - Serra é famoso por dizer que é o autor de coisas das quais sequer participou. A mais absurda foi a afirmação de que ele criou o seguro-desemprego, veiculada durante a campanha dele em 2002 para presidente (!?)

9 - Foi ministro do planejamento do Governo FHC, quando o Brasil foi à falência 3 vezes.

E a melhor promessa de sua campanha:

"Serra quer fim do Mercosul e promete desmontar legado de Lula" 

A nova geografia comercial


Munido de dados sobre a economia retirados do noticiário brasileiro das últimas semanas, o presidente Lula defendeu nesta segunda-feira (4/5), durante solenidade em comemoração aos 10 anos do jornal Valor Econômico, a política de seu governo de dar ênfase às relações Sul-Sul e ao comércio regional, que vem garantindo aumento nas exportações e fortalecendo o País contra crises econômicas como a que recentemente atingiu todo o mundo.
Lula destacou que as exportações em abril cresceram quase 20% em relação ao mesmo período do ano passado e que, mesmo com a política externa adotada, as vendas para os Estados Unidos cresceram mais do que a expansão alcançada por economias que têm acordos de livre comércio com os americanos. O Brasil, disse, desbravou uma nova geografia comercial e isso não pode ser ignorado.
Ao mesmo tempo, porém, o comércio com a África passou de U$ 6 bilhões para US$ 17 bilhões anuais. No Mercosul, saltamos de US$ 11 bilhões em 2002 para US$ 29 bilhões. O que esses dados mostram é que a ênfase Sul-Sul e o comércio regional não cabem mais no espaço pequeno do preconceito ideológico, nem podem ser tratados superficialmente numa gincana de retórica eleitoral. A participação dos países em desenvolvimento em nossas exportações cresceu de 42% para mais de 54% em números brutos. Esses números não são números frios. Estamos falando de receitas, empregos e incentivos. Qualquer analista razoavelmente isento admite que a crise consolidou uma nova geografia comercial, pioneiramente desbravada pelo Brasil desde 2003.
O presidente citou ainda outras conquistas de seu governo, como a queda no desemprego nas regiões metropolitanas brasileiras, que é o menor dos últimos 12 anos, e a taxa recorde de expansão da indústria paulista no primeiro trimestre do ano – 18,2%. “Repito, não se trata de propaganda eleitoral: todas essas informações foram coletadas do noticiário econômico das últimas semanas”, disse.

Kotscho - Quércia, quem diria, agora defende Serra

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José Serra acabando com o pouco de dignidade que restava ao PSDB



Nos tempos do velho MDB, o único partido consentido de oposição no período da ditadura militar, depois rebatizado de PMDB, nos anos 80 do século passado, havia uma guerra entre Orestes Quércia e os seus demais líderes em São Paulo, a chamada “ala ética”.
Com exceção de Ulysses Guimarães, que permaneceu fiel ao partido até o fim, foi por causa dos métodos pouco ortodoxos, digamos assim, de Quércia fazer política, que deixaram o partido Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso, Mário Covas e José Serra, entre muitos outros, e fundaram o PSDB.
Pode-se afirmar, assim, que o partido dos tucanos nasceu em São Paulo por causa de Orestes Quércia _ e contra ele e o que representava. Vereador e prefeito de Campinas, no interior paulista, surpreendeu o país ao se eleger senador, derrotando o ex-governador Carvalho Pinto, que era considerado imbatível, na memorável vitória parlamentar do MDB em 1974.
Pois vem exatamente de Orestes Quércia a mais veemente defesa da candidatura de José Serra à presidência da República, em artigo publicado hoje na página 3 da Folha, com o título “Comparar Serra com Dilma é inevitável”.
Nas voltas que a política dá, Quércia agora é um dissidente do PMDB nacional, que deve fechar nos próximos dias a aliança com o PT, indicando para vice de Dilma o deputado federal Michel Temer, presidente do partido.
Para que o PMDB paulista apoiasse Gilberto Kassab, do DEM, o candidato do então governador José Serra nas últimas eleições municipais, Orestes Quércia fechou um acordo pelo qual garantiria uma vaga na disputa para o Senado na chapa demo-tucana em 2010.
Acordo cumprido, agora ele faz a sua parte no confronto nacional entre PT e PSDB, depois de uma longa temporada dedicada apenas à política da província.
“É curioso como, na ânsia de ganhar a eleição e manter o padrão de vida conquistado, dirigentes e parlamentares do PT parecem se esquecer de que sua candidata se chama Dilma Rousseff”, escreve Quércia, seguindo a palavra de ordem tucana de se evitar uma comparação entre os governos de FHC e Lula, como quer o atual presidente, jogando a disputa para uma comparação de biografias entre os candidatos.
Em termos de “manter o padrão de vida conquistado”, certamente Quércia fala com conhecimento de causa, pois poucos como ele subiram na vida, dedicando-se à política, tão célere e abastadamente como ele.
Ao defender a experiência acumulada por Serra em diversos cargos e mandatos, ao contrário de Dilma, que disputa sua primeira eleição, Quércia se esquece que FHC e Lula também não foram eleitos para postos executivos antes de assumirem a Presidência da República.
“Mas querer que sua primeira experiência como mandatária popular seja a Presidência da República é um desacato ao Brasil”, proclama, ao final do seu artigo, o empolgado novo aliado tucano.
Como assim? Desacato a quem, cara pálida?
Com apoios deste nível, a campanha de Serra pode logo, logo, ganhar mais problemas do que votos.