Derrubado desde domingo por uma gripe, que não sei de qual bicho é, só sei que provoca um terrível estrago intestinal, nem estava com ânimo para escrever nada hoje, mas não consegui passar batido por uma notícia publicada nos jornais como se fosse a coisa mais normal do mundo.
“Menino de 12 anos é detido pela 11ª vez ao furtar carro”, diz o título da Folha, que registra a ocorrência. Como pode? Em que sociedade vivemos, onde um fato desses passa a ser algo corriqueiro, sem que nada aconteça para cuidar deste menino e, ao mesmo tempo, de quem pode ser vítima dele?
Neste interminável prende e solta, o perigo está solto nas ruas. Um dia ele poderá provocar um acidente com o carro furtado ou alguma vítima reagir, colocando sua própria vida em perigo.
“Precisamos contê-lo. Ele vai continuar assim até alguém matá-lo”, constata, candidamente, o promotor Talis Cézar de Oliveira, da Vara da Infância e da Juventude, para quem a única saída é a internação.
E por que nenhuma autoridade, incluindo o próprio promotor, tomou até agora esta providência? Estão esperando o que?
Já se passaram 18 meses desde que ele foi detido pela primeira vez por dirigir sem habilitação no Jardim Miriam, até ser flagrado novamente na noite de segunda-feira, ao tentar furtar um carro em Diadema.
Como tem mais de 12 anos, deveria ser encaminhado para a Fundação Casa, a antiga Febem, que recolhe os jovens infratores. Mais uma vez, porém, ele foi devolvido na mesma noite à mãe pelo delegado de plantão no 1º DP de Diadema, “porque o fórum já estava fechado”.
“De acordo com vizinhos, ele sempre aparece com carros na rua e os pais não conseguem ter autoridade sobre ele”, informa o jornal.
Se assim é, será que nenhuma autoridade do Estado, teoricamente responsável por menores infratores e pela segurança pública, poderia tomar alguma providência antes que ele seja detido pela 12ª vez? Ou até que aconteça alguma desgraça envolvendo este menino?
Tudo bem que é muito difícil acabar com o PCC, o crime organizado e a bandalha generalizada, mas não dá para admitir que não se encontre uma solução, com todos os instrumentos de que o Estado dispõe, para atender um menino de 12 anos que precisa de assistência, assim como a sua família.
Vamos continuar fazendo de conta que estas são histórias banais do cotidiano da grande cidade?
Se não estivesse me sentindo tão mal hoje, teria vontade de dar uma de repórter, e ir atrás deste menino para tentar descobrir o que se passa pela sua cabeça, o que o leva a arriscar sua vida e a dos outros pelo prazer de dirigir um carro furtado.
Caso algum colega se habilite, como leitor temporariamente acamado eu ficaria muito grato.
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Fonte: Balaio do Kotscho
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