sexta-feira, 10 de abril de 2009

Eduardo Guimarães - Ausência de alternativas

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Este ano, chego à minha quinta década de existência. Eu, que nasci num país conturbado politicamente, injusto, atrasado, que se debatia entre sua vocação para se tornar uma potência e a vontade de uma casta de manter tudo como estava.

Quem tem um mínimo de entendimento da realidade brasileira sabe que o Brasil, através dos séculos, foi moldado de maneira a impedir qualquer tipo de justiça social efetiva, sabe que foi formatado para privilegiar pequenos grupos de interesse.

Até Jango Goulart, todos, absolutamente todos os governantes que tentaram tornar este país verdadeiramente mais justo, que tentaram colocá-lo num caminho no qual os anseios e as necessidades da maioria fossem ao menos encaminhados, falharam.

Espanta-me quando vejo pessoas honestas e inteligentes culparem o governo Lula por não resolver em seis anos os males que afligem nosso país há cinco séculos. Espanta-me ainda mais quando essas pessoas não conseguem ver quanto foi realizado nos últimos seis anos.

Este texto não é para esse pessoal que escreve Lula com três eles (Lulla). Por isso, vão passear, reacionários, e voltem noutra hora. Estou escrevendo para quem quer fatos em lugar de mentiras e para os que não usam malandragem ideológica.

Esta crise que abala o planeta deveria estar mostrando aos intelectualmente honestos e pensantes que este país está sendo bem governado, dentro do possível.

Espanta-me que pessoas decentes não reconheçam que, se estamos sentindo alguns efeitos dessa crise, tais efeitos, por serem infinitamente menores do que os da grande maioria dos países pobres e ricos, deveriam constituir prova de que finalmente o Brasil tem um governo que ao menos tenta incluir os pobres e miseráveis no barco do progresso.

É claro que a elite ainda abocanha a parte do leão. E é claro que se este governo, fazendo o pouco que fez – e que pelo menos fez –, sofre o que está sofrendo nas mãos dessa elite, se fizesse o que pregam os que acham que em seis anos seria possível desmontar uma máquina de concentração de renda construída ao longo dos séculos, seria outro governo derrubado. Em pleno século XXI.

Nenhum ser humano que se eleja presidente do Brasil conseguirá impedir os lucros obscenos dos bancos brasileiros, por exemplo. Pregar tal coisa é loucura, é total desconhecimento do que é este país.

Só quem não é capaz de comparar o Brasil de hoje com o de seis anos atrás, só quem não entende a estrutura de manutenção da injustiça social erigida durante séculos é capaz de achar que dá para um governo fazer mais do que tem feito o governo Lula nesse sentido.

Não vou citar números nem progressos que este país alcançou nos últimos seis anos. Os honestos e mentalmente sadios já os conhecem. E o mundo os reconhece. Por isso é que esse mesmo mundo tem se curvado ao Brasil.

Tem gente tentando vender a história absurda de que os líderes do G20 se desmancharam em elogios a Lula recentemente porque ele lhes entrega o ouro. Lula seria tão entreguista que os líderes mundiais todos o mimam, pois ele permite que os países ricos sangrem esta nação.

Na última década e meia, viajei pela América Latina e até à África. Pude ver, nessas regiões, quanto as missões comerciais do Lula vendedor do Brasil no mundo fizeram por nós. Se não fosse a diversificação dos mercados para nossas exportações promovida por ele, hoje estaríamos perdidos.

Há seis anos, os EUA eram o destino de mais de um terço de nossas exportações. Hoje, não respondem por nem um sexto delas. Essa é uma das grandes obras econômicas deste governo. É o que nos salvou de quebrar como o resto do mundo.

Vocês vêem a guerra que a direita faz porque o governo Lula investiu um pouco mais no social? Esses poucos bilhões a mais que são gastos num Bolsa Família foram tirados da veia da elite. Por isso ela mantém essa agenda fixa de escândalos na mídia e tenta impedir o presidente de governar.

Vejo pregações de que Lula não fez o suficiente para combater a crise, mas quem prega isso não diz o que ele deveria – e poderia – ter feito.

A esta altura, meus caros, imagino que ninguém mais acha que tenho estas opiniões porque sou pago por Lula. Até o Reinaldo Azevedo reconheceu que digo estas coisas “de graça”, porque eu seria “romântico”.

Podem discordar de mim, podem dizer o que quiserem de mim, mas uma acusação que ainda não recebi é a de ser burro. Bem, diante disso eu lhes digo: tenho a mais absoluta convicção de que vivo num país que finalmente está sendo governado, e que, por isso, está logrando avanços que o mundo inteiro reconhece.

Tenho críticas, claro, ao governo Lula. Só um louco diria que esse governo é perfeito. Mas, diante da sabotagem ininterrupta que sofre, acho até que tem feito mais do que seria de esperar.

Quem quiser entregar o Brasil aos tucanos e pefelês em 2010 porque o governo Lula não impediu os banqueiros de lucrar obscenamente num país como este, está no seu direito. Só não me peça para fazer a mesma coisa. 

As alternativas todas a este governo e o risco de tais "alternativas" faturarem politicamente em cima de críticas de gente séria a ele devem orientar o debate político.

Fonte: Eduardo Guimarães - Cidadania.com

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