quarta-feira, 4 de março de 2009

R$ 1 bi para o Metrô? Ficou pela metade

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Era promessa de Kassab para 2008, mas a verba só chegou a R$ 473 mi, confirmou secretário



Mais de dois meses após o início do segundo mandato, o governo Gilberto Kassab (DEM) admitiu que ainda não concluiu o repasse de R$ 1 bilhão da Prefeitura para o projeto de expansão do Metrô na capital prometido pelo prefeito para 2008 durante as eleições. A informação foi confirmada pelo próprio secretário de Finanças, Walter Aluísio Morais Rodrigues, e pelo Metrô, que informou ter recebido apenas R$ 473 milhões. Kassab ainda assegura que investirá outro R$ 1 bilhão até 2012.


Durante audiência pública da Comissão de Finanças da Câmara Municipal, na semana passada, Rodrigues foi questionado pelo vereador petista Antonio Donato (vice-presidente da comissão) se a Prefeitura havia repassado toda a quantia prometida. “Não, totalmente”, respondeu o secretário.


De acordo com as notas taquigráficas da audiência obtidas pelo JT, Rodrigues afirmou que foram repassados R$ 275 milhões em espécie e o restante - cerca de R$ 725 milhões - estavam à disposição do Metrô em Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs), títulos negociados no mercado que permitem a construção acima da metragem permitida pela lei de zoneamento.


Destes, contudo, o secretário só identificou os R$ 198 milhões da Operação Urbana Água Espraiada, repasse feito simbolicamente por Kassab ao governador José Serra (PSDB) durante a campanha e que ficou conhecido como ‘checão do metrô’. Em relação aos outros R$ 527 milhões, Rodrigues disse apenas que já foram transferidos, sem detalhar quantos papéis foram vendidos.


Questionada posteriormente, a Secretaria de Finanças enviou nota afirmando que a promessa foi cumprida ainda em 2008 com “parte dos recursos transferida em dinheiro e parte na forma de Cepacs”. A informação, porém, foi desmentida pelo Metrô, que informou, também em nota, ter recebido “repasses da ordem de R$ 473 milhões da Prefeitura”.


O repasse de R$ 1 bilhão foi ratificado por meio de dois convênios entre Prefeitura e Metrô. Cerca de R$ 500 milhões viriam dos Cepacs da Operação Urbana Faria Lima, que serão investidos na expansão da Linha 4-Amarela (Luz-Vila Sônia) e outros R$ 200 milhões da Operação Urbana Água Espraiada, revertidos para a ampliação da Linha 5-Lilás (Capão Redondo-Chácara Klabin).


Para o vereador Donato, o secretário não o convenceu de que os recursos por meio dos Cepacs foram repassados ao Metrô. “Isso mostra que foi tudo propaganda de campanha. Eles construíram um discurso nas eleições. Pegaram um setor deficitário, que é transporte, e disseram que colocaram R$ 1 bilhão no Metrô, o que não é verdade.” O vereador ainda pôs em dúvida se a Prefeitura vai conseguir vender todos os papéis num cenário de crise, que afetou também o setor imobiliário.


Lentidão


Ao tentar justificar a totalidade dos repasses, Rodrigues disse ainda que o “Metrô não tem velocidade para gastar todos os recursos”. O Metrô respondeu que “tem destinado os recursos de acordo com o andamento das obras, que estão dentro do cronograma”.


DIÁLOGO


Donato: Quanto foi transferido do Tesouro para o Metrô?

Rodrigues - Em espécie, R$ 275 milhões.

D - E os demais recursos?

R - Os demais em Cepacs.

D - Os R$ 198 milhões da Operação Urbana Água Espraiada até o fim do ano não foram transferidos

R - Foram transferidos, estão à disposição do Metrô. O Metrô não tem velocidade para gastar os recursos.

D - E os demais? 275 mais 198 dá 473. Então, são R$ 527 milhões de papéis à disposição do Metrô?

R - Isso.

D - Então, o famoso R$ 1 bilhão ainda não se completou?

R - Não totalmente...

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Fonte: Jornal da Tarde 04/03/2009

Um comentário:

  1. Passei por aqui para dizer que, devido a algumas mudanças que estou fazendo em meu blog, ele ficará fora do ar provavelmente até sábado.
    Espero que compreenda.

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