quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

O que o Serra fala não se escreve e o que Serra escreve ele não cumpre

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Das 161 promessas que Serra fez quando assumiu a Prefeitura de São Paulo, mais da metade – 87 promessas, ou 54% do total – não foram cumpridas. Esse é o balanço da final da administração de Gilberto Kassab, vice de Serra que assumiu a administração quando o tucano renunciou para concorrer ao governo estadual.

A informação, caro leitor, foi veiculada pelo insuspeito PiG (*), em reportagem publicada hoje na Folha.

Além disso, Kassab, principal cabo eleitoral de Serra, também deixou inacabadas obras avaliadas em R$ 5 bilhões, completa outro texto, do Estadão

A reportagem da Folha é emblemática. Mostra que o programa de governo de Serra-Kassab tinha 84 páginas. Mas poderia ser de umas 40 páginas só, pois a metade das promessas foi para o lixo, como a de criar um serviço Disque-Trânsito, por exemplo, ou acabar com o déficit das creches municipais – que ainda necessitam de 80 mil novas vagas.

Além disso, o leitor vai lembrar que não é o primeiro documento assinado por Serra que não é cumprido. Quando foi eleito prefeito de São Paulo, o tucano chegou a assinar uma declaração, registrada em cartório, de que cumpriria o mandato integralmente. “Só se Deus me tirar a vida. Só saio se houver uma desgraça que me envolva”, disse ele, ao responder se pretendia deixar o cargo para Kassab e usar a prefeitura paulistana como trampolim eleitoral, conforme reportagem publicada em 2004 pela Folha.

Como não aconteceu nenhuma desgraça e Serra continua vivo, ficou patente que ele mentiu, mesmo tendo assinado documento registrado em cartório. Saiu candidato e deixou Kassab em seu lugar. O sucessor, por sua vez, só cumpriu integralmente 28 das 161 promessas de Serra - o que dá cerca de 17%, conforme diz a Folha.

Daí a conclusão lógica: o que Serra fala não se escreve. Ainda bem, pois o que ele mesmo escreve, também não cumpre.

O governador José Serra resolveu dobrar o orçamento para publicidade em 2009, ano que antecede a eleição presidencial. Reportagem publicada hoje pelo site Brasil de Fato indica que o governo tucano terá R$ 313 milhões de verba publicitária a disposição no próximo ano, contra R$ 166 milhões que destinou a essa área no orçamento de 2008, pontua o texto, assinado por Eduardo Sales de Lima.

A disposição de Serra em gastar dinheiro do contribuinte de olho na sucessão presidencial também aparece em reportagem publicada hoje pela Folha. A matéria, de Cátia Seabra, mostra que o tucano vai congelar R$ 2 bilhões do orçamento total do Estado, de R$ 118 bilhões. Serra acha que a crise financeira fará a arrecadação estadual cair. Porém, os cortes deverão se concentrar nos recursos para manutenção da máquina pública (custeio), sem atingir os investimentos que deverão alavancar seu caminho ao Planalto.

Por conta da proximidade das eleição presidencial, o governador recomendou aos secretários prioridade às obras. Reivindicações salariais de servidores, por exemplo, dificilmente serão atendidas, frisa a reportagem.

Serra também contará como empenho do prefeito Gilberto Kassab na tentativa de ser o sucessor de Lula. É o que diz o texto de Caio Junqueira, no Valor Econômico. O jornal mostra que a equipe de Kassab vai tomar posse com a missão de implantar projetos que ajudem a candidatura de Serra. Para isso, contará com recursos de iniciativa privada e do próprio governo estadual.

Uma das principais cartadas de Kassab, em parceria com Serra, será a revisão do Plano Diretor da cidade para ampliar as áreas nas quais o setor imobiliário poderá construir, principalmente em locais próximos às linhas do metrô.

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Fonte: Conversaafiada

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