“A parceria entre os Estados Unidos da América e o Islã deve ser baseada no que o Islã é e não no que ele não é. E considero parte da minha responsabilidade como presidente dos Estados Unidos a luta contra os estereótipos negativos do Islã, onde quer que eles apareçam. (...) Os israelenses têm que reconhecer que o direito de Israel existir não pode ser negado, mas nem tampouco o direito dos palestinos. Os Estados Unidos não aceitam a legitimidade de contínuos assentamentos israelenses (...) É hora de esses assentamentos serem interrompidos”.
O que vocês acabam de ler acima é um trecho do recente discurso de quase uma hora de Barack Obama na Universidade do Cairo, no Egito, onde foi aplaudido efusivamente, deixando o Islã encantado e a direita mundial ensandecida de ódio.
Diogo Mainardi, por exemplo, foi à loucura. Insultou pesadamente o líder norte-americano, que, aliás, vem sendo combatido com fúria incontida por toda a direita mundial.
Quando Obama venceu a eleição, publiquei aqui, num post intitulado “De baixo para cima”, um mapa das três Américas (vide acima) no qual pintei de rosa os países que a centro-esquerda governa. O momento é perfeito para republicar aquele texto.
O que escrevi há sete meses ajudará a entender a pergunta que intitula este post, mostrando que Obama só surpreende hoje àqueles que, por puro antiamericanismo, quiseram ver no líder estadunidense “um novo Bush”.
Como cansei de dizer antes mesmo de Obama ser escolhido candidato dos democratas à presidência de seu país, esse homem é um presente para a humanidade. Poderá mudar o rumo do planeta, caso não acabem com ele antes.
E, para mostrar como era previsível o que agora surpreende a tantos, leiam, a seguir, o post “De baixo para cima”, escrito em 5 de novembro do ano passado.
De baixo para cima
Muitos ainda não se deram conta da real dimensão da vitória de Barack Obama ontem. Para entendê-la em sua completude, portanto, precisaremos rever a Doutrina Bush, seus objetivos políticos e seus retumbantes fracassos.
Além do belicismo e da irresponsabilidade econômica, os conservadores americanos trouxeram de volta à América Latina o golpismo de direita de outrora, o qual ninguém acreditava que voltaria a atuar nesta parte do mundo.
A doutrina Bush não foi marcada só pelas tais guerras “preventivas” de pretenso combate ao “terrorismo”. Havia pretensão de impedir a ascensão de governantes de esquerda na América Latina.
Fracassadas as tentativas de impedir que esses governantes chegassem ao poder – tentativas que se valeram da mídia da região –, voltou a prática americana de tentar desestabilizar e depor governos.
A primeira grande ação desestabilizadora americana do século XXI na América Latina ocorreu na Venezuela em 2002, quando tentativa de golpe de estado, reconhecidamente orquestrada pelo governo Bush, tirou do poder, por dois dias, Hugo Chávez, presidente constitucional daquele país.
Seguiram-se tentativas de desestabilização dos governos do Brasil, em 2005 e 2006 (através de massacrante campanha denuncista da mídia nativa, teleguiada por Bush), e da Bolívia neste ano (através das ações do embaixador americano junto à oposição ao governo Evo Morales).
O que acabou acontecendo, porém, foi que a onda rosa que varre a América do Sul estendeu-se à América Central e, de forma impensável até há pouco tempo, chegou também aos Estados Unidos, até então uma espécie de Disneylândia dos reacionários latino-americanos.
A eleição de Obama é, sim, uma vitória da esquerda possível e viável nos dias de hoje. Aliás, a campanha do republicano John McCain apoiou-se exatamente nessa visão de que o adversário seria “socialista”, na esperança de que ainda fosse possível vender a teoria de que “comunistas comem criancinhas”.
Com a vitória de Obama, acabam os incentivos à mídia latino-americana para atacar governos como o de Lula, Hugo Chávez, Evo Morales, Rafael Correa e outros. Não haverá mais financiamento dos reacionários racistas-midiáticos da “media luna” boliviana ou aos reacionários do mesmo tipo do Sudeste brasileiro.
Projetos de re-endireitar países como o Brasil sofreram duro golpe. Para ficar na política nacional, pode-se dizer que o projeto do PFL e do PSDB de retomar o poder em 2010 sofreu considerável abalo. A mídia, a principal arma da direita de inspiração ianque, perdeu seu maior líder, o governo de ultra-direita de George Bush, governo que teria continuidade através de McCain.
Não se deixem enganar pela rendição da mídia brasileira à vitória brilhante de Obama. Não há alternativa. O mundo está encantado pela vitória do “socialista” americano. A mídia não tem alternativa, a direita brasileira não tem alternativa. Não irão passar recibo da derrota que sofreram.
Mas será maravilhoso ver como os comentários racistas, homofóbicos e ultraconservadores de um Reinaldo Azevedo sairão de moda. O estilo neocon caminha para a mais absoluta decadência. Ser reacionário não será mais ser americanizado.
A vitória de Obama muda todo o quadro geopolítico do continente. A direita das Américas sofreu o golpe mais duro da história. O “liberalismo” americano contaminará o mundo e favorecerá o surgimento de governos “esquerdistas” onde não eram “viáveis” devido à discordância americana.
A tensão belicista da era Bush está moribunda e, em cerca de dois meses, terá sido varrida da face da Terra.
Inicia-se uma nova era de entendimento e distensão, onde os projetos humanistas ganharão novo fôlego. O mundo amanheceu melhor nesta quarta-feira, 5 de novembro de 2008. Graças a Deus.
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Fonte: Blog Cidadania.com - Eduardo Guimarães
Eu fique entusiasmadíssimo com a vitória de Obama. Comentei com meus amigos a minha esperança de que, a partir daquele momento, o mundo iria mudar para melhor. No entanto eles demonstraram total ceticismo em relação a mudanças na política americana, e mais: "Democratas e Republicanos são tudo farinha do mesmo saco!". Fiquei meio na dúvida, mas até o momento acho que minha intuição anterior estava correta.
ResponderExcluirObama assim como Lula tem consciência das suas dificuldades e de suas obrigações, com poucos meses já fica claro os seus objetivos e sua visão do mundo, um mundo mais justo, onde o dialogo pode prevalecer sobre a ira.
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