sexta-feira, 5 de junho de 2009

As grandes profecias

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As grandes profecias (1):

O governo Lula acabou!

Nunca antes neste país, um governo foi dado por “acabado” tantas vezes antes de completar seu ciclo. Vamos apenas lembrar algumas destas profecias bufas, para mostrar que, ao lado de políticos, com interesses óbvios de que a “previsão” fosse verdade, enfileiraram-se jornalistas e cientistas sociais, especialistas que tiveram muito pouco zelo pela própria credibilidade profissional.

A enumeração de “cientistas sociais” e jornalistas é importante porque ambos, os primeiros mais do que os segundos, evidentemente, não deveriam fazer análises no calor dos acontecimentos.
As previsões abaixo citadas, ao contrário do que pode parecer, não partiram somente de quem “indubitavelmente” estaria numa torcida contra o governo. Um nome do cientista social respeitável, claramente de tendência à esquerda, também consta na lista.

Possivelmente estes cientistas esqueceram do distanciamento necessário da forma como os fatos vinham sendo apresentados pela imprensa. O que é uma pauta muito interessante de discussões sobre os limites entre “acontecimento histórico” e o “acontecimento midiático”.

Quanto aos jornalistas, é óbvio que é difícil para eles conseguir ultrapassar a percepção de curto prazo, mas poderiam ter mais zelo pela credibilidade. Não foi por falta de aviso: à época, para muitos, esta previsão parecia ser exagerada, precipitada e pouco sustentável.

Mas as advertências pareciam vir de pessoas “que não enxergavam” o óbvio.

O problema é que em política o óbvio é da mesma categoria do nunca ou do seu irmão mais otimista: o sempre; nunca o pronuncie se não quiser colocar sua profissão de analista a prêmio.

1. O apagão dos apagões é o apagão de criatividade. O governo Lula acabou. Sua intuição sabe disso. Por isso, as vaias doeram tanto. O eleitor percebeu antes dos analistas. César Maia (DEM), 2007.

2. “O governo Lula acabou oficialmente hoje. Arthur Virgílio (PSDB), agosto de 2005.

3. “Não adianta os moderados tentaram evitar: estamos caminhando para o impeachment.” José Thomaz Nonô (DEM), agosto de 2005.

4. “Do ponto de realizações, o governo Lula acabou. É como a Inês de Castro, do Camões: aquela que foi sem nunca ter sido. O governo acabou sem começar”. José Serra (PSDB), na época prefeito de SP, julho de 2005.

5. “Lula está preservado, mas o governo acabou”. Marco Antônio Nogueira, cientista político da Unesp, julho de 2005.

6. “O governo Lula acabou sem começar. Só o presidente não percebe isso”. Laerte Braga, jornalista, junho de 2004.

7 “O governo Lula acabou”. Luis Gustavo Mello Grohmann, cientista político (UFRGS), setembro de 2005.

8. “O governo Lula acabou há muito tempo, e na porta de uma delegacia”. Nelson dos Santos Gomes, engenheiro e membro do PDT, abril de 2006.

9. “O governo Lula acabou”, Villas Boas Corrêa, jornalista do JB. s/m., 2005.

10. “Uma coisa é certa: o Brasil entra penosamente num novo período político, um período que podemos designar por pós-lulismo Boaventura de Souza Santos” (Univ. de Coimbra), cientista social, agosto de 2005.
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Fonte: Por Weden no Nassif Online

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