Atualizado em 10 de setembro de 2009 às 11:51 | Publicado em 10 de setembro de 2009 às 11:47
Por e-mail, do Celso Cavallini:
Moradora da capital 'ataca' prefeito na TV
DANIEL GONZALES, no Jornal da Tarde
O prefeito Gilberto Kassab enfrentou, impassível, a fúria de dona Vera, moradora de Itaquera (na zona leste) ontem, ao vivo, na TV. O embate ocorreu durante o Brasil Urgente, programa apresentado pelo jornalista José Luiz Datena na Rede Bandeirantes de Televisão.
Kassab apareceu no programa para dar mais uma das entrevistas que concedeu ao longo do dia, todas com o mesmo teor: justificar o porquê de o temporal de anteontem ter “afogado” a cidade. No entanto, no estúdio, ao lado do apresentador, o prefeito foi “confrontado” com a moradora, que estava indignada com problemas causados pela chuva em seu bairro. Por cerca de dois minutos, ela falou sem parar: que o prefeito “não fazia nada”, que o seu bairro “estava esquecido pela atual gestão” e “castigado pelas enchentes”.
Por fim, chamou o prefeito Gilberto Kassab de “mentiroso”. “Você só promete e não faz nada, nós também somos gente”, concluiu ela ao prefeito, que durante todo o tempo ficou assistindo, sem esboçar reação.
Aparentemente, o áudio da moradora foi cortado, para que o prefeito conseguisse falar alguma coisa. Para tentar sair da saia-justa, Kassab prometeu que o subprefeito da região, ou um assessor, entrariam em contato com a moradora hoje para “atender a suas demandas”. “Subprefeito? Por que você mesmo não vai lá?”, emendou, desta vez, o apresentador.
Tentando defender os investimentos da Prefeitura em outras áreas, Kassab se deu mal mais uma vez. “Já investimos R$ 1 bilhão no Metrô e colocaremos mais R$ 1 bilhão nessa gestão. Se tivesse Metrô na porta da sua casa e aqui em frente, você não viria de Metrô?”, perguntou o prefeito a Datena. “Eu não”, respondeu ele.
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Kassab não vê lixo em excesso
Prefeito diz que corte na varrição não agravou inundações e voltou a culpar gestões anteriores
Mônica Cardoso, Fernanda Aranda e Vitor Hugo Brandalise, no Jornal da Tarde
O prefeito Gilberto Kassab (DEM) afirmou ontem, um dia depois do temporal que parou São Paulo, que a varrição das ruas “não está deixando a desejar” e que o lixo que toma o centro da cidade desde a semana passada não tem relação com o corte orçamentário de 20% para o serviço. Ontem, restos de entulho, sacos de lixo e até colchões se amontoavam em vários pontos da cidade.
Ao ser questionado se a redução dos gastos havia contribuído para aumentar os problemas causados pela chuva, Kassab voltou a culpar a gestão da petista Marta Suplicy (2001-2004) pela falta de investimentos em limpeza urbana. “A ex-prefeita gastou R$ 590 milhões no último ano da sua gestão com o lixo. No ano passado, gastamos R$ 903 milhões. Só falta alguém achar que é pouco”, disse.
O corte, de R$ 54 milhões, foi anunciado em agosto. A justificativa da Prefeitura foi a crise financeira mundial, que reduziu a arrecadação do município. Há duas semanas há lixo acumulado na região da Rua 25 de Março e da Rua Augusta.
Ontem, Kassab disse que o lixo que se vê pelas ruas refere-se a material deixado nas calçadas à espera da coleta e aos 1.500 pontos de descarte irregular de entulho. “Então, deixando de lado essas duas situações, qualquer lixo que tenha na cidade de São Paulo é anormal”, disse ontem em entrevista ao SPTV, da Rede Globo. “As pessoas já têm o costume de deixar o lixo minutos antes da coleta, em janeiro, fevereiro (meses de chuva). Mas ontem as pessoas não esperavam o que aconteceu”, disse. Segundo ele, era esse lixo que estava espalhado nas vias da cidade ontem.
Para ele, a “varrição não está deixando a desejar”. “Se a imprensa ou a população achar que temos que gastar mais, é um direito. Acho o valor adequado e mais do que suficiente para as empresas prestarem um serviço compatível com nosso orçamento”, disse.
Kassab voltou a afirmar que “a cidade está preparada para enfrentar as enchentes de acordo com seu orçamento”, de R$ 765 milhões para a área de limpeza urbana este ano. A ex-prefeita Marta Suplicy disse que investiu, em média, 1,09% de todo orçamento no combate a enchentes, enquanto Kassab chegou a 0,9% em 2008. “Em plena disputa eleitoral, (Kassab) executou a totalidade de recursos disponíveis no orçamento, com clara aceleração nos meses mais próximos à eleição.”
Montanha
Ontem, comerciantes da região do Minhocão afirmaram que a água chegou a 30 centímetros de altura. Segundo o mecânico Danilo Nascimento, carroceiros recolhem entulho e material de construção em Higienópolis e os descarregam nas ruas sob o Minhocão. “É mais barato pagar um carroceiro do que contratar uma empresa de caçambas.” Segundo ele, o caminhão de coleta de lixo, que passava todo dia, agora recolhe os materiais uma vez por semana.
Ontem, lixo, galhos e troncos de árvores, pneus, sacos plásticos, caixas de papelão e até cones de sinalização quebrados, daqueles utilizados pela CET, apareceram nas Marginais do Tietê e do Pinheiros.
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09/09/09 - 20h55 - Atualizado em 09/09/09 - 21h02
‘Kassab realizou metade dos investimentos’, diz ex-prefeita de SP
Marta Suplicy enviou nota à imprensa para responder críticas.
‘Não dá mais para culpar governos anteriores’ por enchentes, diz.
A ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy (PT) disse, por meio de nota enviada à imprensa por sua assessoria, que o atual prefeito, Gilberto Kassab (DEM), “realizou menos da metade dos investimentos necessários” entre 2005 e 2007 para combater enchentes na cidade. O comunicado foi uma resposta à entrevista por Kassab ao SPTV 1ª edição.
O prefeito disse diversas vezes na entrevista que investiu no sistema de lixo mais do que sua antecessora e comparou os números do total gasto no ano passado com o último ano do governo da petista, em 2004. Segundo Kassab, ela gastou R$ 590 milhões no último ano da gestão e ele, R$ 903 milhões em 2008.
Kassab também afirmou que as gestões anteriores investiram pouco em serviços que visam à prevenção de enchentes. Perguntado se estava transferindo a culpa dos problemas da chuva para outros governos, ele negou. “Não transferi. Sou prefeito da cidade de São Paulo e tenho minhas responsabilidades”, ressaltou. Por sua vez, Marta disse que, após os estragos do temporal, “não dá mais para culpar governos anteriores” pelo problema depois de seis anos de gestão.
Segundo a ex-prefeita, Kassab teria destinado “apenas entre 35 e 52%” do total previsto do orçamento da Prefeitura em ações de combate às enchentes. No comunicado, Marta fez um comparativo dos investimentos feitos pelas duas gestões para tentar sanear o problema.
“Comparativamente aos investimentos efetuados na gestão que realizamos (2001-2004), vale citar que o valor gasto em 2002 foi de cerca de R$ 160 milhões, patamar que somente foi alcançado novamente em 2008”, afirmou.
Segundo ela, em seu mandato, os investimentos teriam alcançado “1,09%” do total de liquidação da Prefeitura no combate às enchentes, “enquanto Kassab esforçou-se em 2008 para chegar a 0,9% do total”. No final da nota, a petista afirma que a bancada de seu partido na Câmara Municipal tem feito um acompanhamento dos gastos da Prefeitura e que este “aponta para nova desaceleração dos investimentos da prefeitura no combate às enchentes”.
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Do Guilherme Scalzilli, em seu blog
Custo a entender como o paulistano suporta diariamente esse indescritível colapso dos transportes urbanos e continua elegendo a mesma casta política para administrar o Estado. Ninguém jamais será responsabilizado pelo cenário apocalíptico das enchentes e dos congestionamentos monstruosos? O eleitor entregou-se a tamanha catatonia que simplesmente acredita na culpa do temporal, do feriado, do “grande fluxo de veículos”?
São décadas de continuidade administrativa ininterrupta, com uma fortuna já incalculável pretensamente gasta em investimentos, obras faraônicas e propaganda. A malha metroviária continua ridícula e os rios infectos, transbordando sob qualquer chuvisco passageiro (não, isso não acontece apenas com precipitações intensas). E o máximo que o cidadão consegue fazer é dar de ombros e concordar que vida nas cidades piorou muito nos últimos tempos...
Claro, essa passividade tem a colaboração militante da imprensa paulista. Um governo petista seria trucidado pelo espetáculo ignóbil destes dias chuvosos (e não mencionei segurança, educação, saúde). Mas, como a reeleição de Lula provou, a mídia não fabrica eleições sozinha. É impossível assistir ao martírio da população da capital sem constatar um sutil lampejo de merecimento.
Postado por Guilherme Scalzilli
Fonte: Viomundo
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