DA REPORTAGEM LOCAL - FOLHA SP
A economista Mônica Diniz, 28, guarda apressada as chaves do carro na bolsa enquanto atravessa a passinhos curtos a alameda Santos, no Jardim Paulista (zona oeste de São Paulo). É o primeiro dia em que usa o próprio carro para ir ao trabalho. É também um dos dias em que está mais atrasada.
Mônica não está acostumada a dirigir em São Paulo, onde até a última sexta circulava de ônibus fretado. Suas duas irmãs e sua mãe também não: no último sábado, as três compraram -cada uma- um carro para fazer os trajetos antes percorridos em coletivos fretados.
Carolina, 24, comprou um Fiesta. Renata, 22, comprou um Corsa. A mãe, Sueli, 50, comprou um Citroën C3. Moradoras da Vila Formosa (zona leste), onde as estações de metrô ficam abarrotadas, elas nem cogitaram usar transporte coletivo. “Nem pensar. Quem usa fretado quer conforto, não vai vir de metrô”, diz Mônica.
Antes que jogasse a toalha e abraçasse o volante, a economista conta ter se engajado completamente na defesa dos fretados, organizando até abaixo-assinado contra a restrição.
“Consegui 200 adesões, mas não deu em nada”, lamenta ela, que aproveitou para sondar como os usuários passariam a se locomover. “Essas 200 pessoas me disseram que usariam carro. E praticamente todas, como eu, votaram no [prefeito Gilberto] Kassab [DEM].”
Quem encarou o transporte coletivo enfrentou filas imensas para comprar bilhete.
A fila na estação Sumaré (zona oeste) ontem pela manhã era quase que inteiramente composta por usuários de ônibus fretados que foram obrigados a desembarcar na avenida Doutor Arnaldo, onde começa a área de restrição.
A espera na estação Imigrantes chegou a 35 minutos, na chegada dos usuários de fretados vindos de regiões como a Baixada Santista, o ABC e a zona leste. Apenas duas bilheterias estavam abertas.
Bolsões
Mesmo quem não usa os fretados tem reclamações, como é o caso dos moradores da rua Guilherme Barbosa de Melo, na região da Berrini (zona sul).
Nos últimos 15 dias, a rua ganhou vagas de Zona Azul, perdeu parte delas para a instalação de um ponto de táxi e ainda perdeu o ponto de táxi, bem como o restante das vagas, para o embarque e desembarque de fretados. “Agora não podemos estacionar na rua e mal conseguimos sair da garagem”, queixa-se Max Gonzales, membro do conselho consultivo de um condomínio da rua.
Outra reclamação é quanto ao barulho, que começa às 5h.
Gonzales coordena um abaixo-assinado que será entregue à Secretaria Municipal dos Transportes para transferir o ponto de fretados. A secretaria diz não conhecer as queixas.
Ainda ontem, reclamações fizeram com que o secretário dos Transportes Alexandre de Moraes determinasse a transferência do ponto de embarque e desembarque da rua Alvorada para a av. dos Bandeirantes, na zona sul.
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