# Kassab veta fretados na área central
# Passageiro gastará até 46% a mais
# Automóvel pode ser tirado da garagem
A falta de planejamento e a improvisação são a marca do governo Kassab, particularmente na área de trânsito e transporte. As medidas estão ditadas pela necessidade da propaganda e do factóide e não do plano e do investimento.
Foi assim com a proibição dos caminhões, hoje demostrado que não tiveram qualquer efeito na diminuição dos congestionamentos e que provocaram um gasto extra para as empresas repassados ao freguês. Por cada caminhão proibido, passaram a circular até 3 Vuc. (ver Estadão e Folha de ontem aqui).
Enquanto a metade das câmaras da CET estão quebradas (ver JT de hoje, aqui) e só 300 e pouco dos semáforos inteligentes estão em funcionamento (ver aqui), Kassab restringe os ônibus fretados o que levará seguramente ao aumento no número de carros em circulação, e gastos extras para passageiros e empresas.
Em quanto isso, nenhum corredor de ônibus foi construído em 5 anos e a expansão do metrô caminha a passo de tartaruga.
A finalidade aparentemente única das diversas medidas anunciadas é reverter as denuncias dos jornais sobre o caos que impera no trânsito e no transporte público, e criar um factóide que venda a ideia que a “gestão” está agindo. Neste caso especifico o calculo parece ser o de afetar as pessoas que em sua maioria não votam na capital, mas que aqui trabalham, para aliviar transitoriamente a circulação dos carros na região da paulista.
Em geral nenhum estudo é feito para sustentar os supostos benefícios das medidas e os especialistas, consultados pelos jornais, não consideram muito positivas essas improvisações. LF
Fretado? Sorria, meu bem, sorria
Até 46% a mais para os passageiros
Custo médio mensal do fretamento para a capital paulista é de R$ 240, valor chegará a R$ 352
Felipe Grandin - O Estado SP
As novas regras para os fretados na capital paulista podem aumentar em até 46% o custo da viagem para os passageiros, caso tenham de fazer baldeação para chegar à região central de São Paulo. Segundo empresas do setor, o custo médio mensal do fretamento é de R$ 240 por pessoa, para quem sai da capital ou da Grande São Paulo. Com o metrô ou trem, o valor chegará a R$ 352 (se mantida a tarifa original do fretado).
O gasto extra será de R$ 112 mensais, quando se consideram 44 viagens ao preço de R$ 2,55 cada uma (ida e volta, 22 dias úteis por mês). Se a opção for pelo ônibus comum, cuja tarifa é R$ 2,30, o acréscimo seria de R$ 102 mensais. Não se cogita, por enquanto, redução no valor cobrado pelos fretados, ainda que eles venham a percorrer menor distância.
Proporcionalmente, o impacto será menor para quem vem de fora da Região Metropolitana de São Paulo e já paga mais pelo transporte. A média mensal para quem sai do litoral ou do interior é de R$ 400. Com a baldeação, passaria para R$ 512, de metrô ou trem, uma alta de 28%. Ou para R$ 502 de ônibus.
ÔNIBUS POR CARRO
Segundo a especialista em transporte Silvana Maria Zioni, a restrição pode levar os passageiros a trocar o ônibus pelo automóvel. “O custo mais alto deve pesar a favor do carro. É a maior vantagem dos fretados em relação a esse transporte”, diz. “O aumento do tempo de viagem e a redução do conforto também podem favorecer o automóvel.”
Para a urbanista, o transporte coletivo deve ser escolhido por aqueles que não têm carro ou condições de arcar com o custo. Atualmente, 47% das viagens são pagas pelo empregador, segundo a última pesquisa Origem e Destino do Metrô. A maioria dos passageiros (88%) usa o transporte para ir ao trabalho.
Automóvel pode ser tirado da garagem
75% dos passageiros têm carro
Mônica Cardoso - O Estado SP
A restrição aos ônibus fretados anunciada ontem desagradou aos passageiros. Muitos já pensam em tirar o carro da garagem, como o bancário Altair Barbosa, de 27 anos. Ele mora em Guarulhos, na Grande São Paulo, e trabalha na região da Avenida Paulista. “Essa medida vai causar mais congestionamentos e poluição.” De acordo com uma pesquisa realizada pela Transfretur, 87% dos passageiros de fretados pertencem às classes A e B e 75% têm automóvel.
De carro ou de fretado, o tempo gasto no percurso entre a casa de Barbosa e o trabalho é o mesmo. Uma hora e meia só na ida. A despesa com o automóvel, no entanto, chega a R$ 400 mensais, mais que o dobro da mensalidade do fretado, de R$ 180. “O preço dos estacionamentos na região da Paulista é bem alto. Além disso, tem o combustível e a manutenção do automóvel.” Se usasse o transporte público, Barbosa teria de pegar dois ônibus lotados e levaria mais de duas horas para chegar ao trabalho.
O analista de sistemas Ricardo Gouveia Mendonça, de 34 anos, também deve voltar a utilizar automóvel para ir trabalhar. Ele mora em Osasco e há dois anos usa o fretado para chegar à região da Avenida Paulista, onde trabalha. Pelo coletivo, paga R$ 200 e leva cerca de uma hora no trajeto. Mesmo tempo que demoraria para percorrer o percurso de carro. O transporte público exigiria pelo menos duas horas. “É muito cheio e leva mais tempo. No fretado, venho lendo, conversando, dormindo. Acredito que a maioria dos passageiros prefere a comodidade e a pontualidade ao estresse de encarar o trânsito sozinho.”
Mas o motorista de fretado Hélio Pereira dos Santos, de 43 anos, já teme perder o emprego. “Muita gente vai deixar o serviço, causando desemprego.”
Se os passageiros dos fretados são contra a portaria, os moradores das ruas utilizadas como rotas ou estacionamentos para os veículos comemoram. “Eles param em qualquer lugar, de acordo com a conveniência do passageiro. Não importa se é Zona Azul ou garagem de condomínio”, diz Célia Marcondes, presidente da Associação dos Amigos e Moradores do Bairro de Cerqueira César.
Fonte: Blog do Favre
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