segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Kassab e o uso da Máquina

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Terminada a corrida eleitoral, as visitas a obras da Prefeitura praticamente desapareceram da agenda do prefeito

O capacete de mestre-de-obras e a máscara ‘anti-fumaça’ já não compõem mais o traje.
Também cessaram as ‘refeições’ com alunos dos centros educacionais unificados (CEU), as ‘consultas’ nas unidades da Assistência Médica Ambulatorial (AMAs) e as ‘peladas’ na várzea.
Bastante exploradas durante a campanha eleitoral, período em que a lei proíbe a participação em inaugurações, as vistorias em obras públicas praticamente desapareceram da agenda do prefeito Gilberto Kassab (DEM) após sua reeleição. Desde que as urnas selaram a vitória do democrata sobre a petista Marta Suplicy, em 26 de outubro, Kassab vistoriou apenas quatro ‘canteiros’ na capital. Só durante o segundo turno - de 6 a 25 daquele mês - foram 13 vistorias. A queda contradiz a justificativa dada pela coordenação da campanha do democrata. Procurada pelo JT em 16 de outubro para explicar a escalada das atividades externas desde o início da restrição eleitoral, em 5 de julho, a equipe de Kassab negou haver uso eleitoreiro das visitas às obras e alegou que o chefe do Executivo municipal “sempre cumpriu uma extensa agenda de vistorias”. Levantamento feito pela reportagem com base na agenda do prefeito mostrou o aumento das vistorias à medida que a corrida eleitoral ia se acirrando - foram 18 em julho, 17 em agosto, 24 em setembro e 16 em outubro, até o segundo turno. Confirmada a reeleição, porém, o comportamento mudou. Foram apenas quatro vistorias desde o dia 27 de outubro até agora. Ainda no clima de ressaca pós-eleitoral, o prefeito vistoriou três obras nos quatro últimos dias de outubro. Na terça-feira 28, foi à AMA Especialidades Santa Cecília; no dia seguinte conferiu as obras do Parque Linear do Córrego Água Vermelha, no Itaim Paulista; no dia 30 , vistoriou o ônibus-biblioteca no Capão Redondo.‘Entressafra‘Para o cientista político Humberto Dantas, o fim da eleição sinaliza o término da ‘safra’ das vistorias. Ele conta que, por haver brechas na lei eleitoral, boa parte dos governantes que buscam se reeleger lança mão dessa estratégia para garantir exposição na mídia na campanha. “É fato que se Kassab marca uma vistoria, inúmeros jornalistas vão atrás dele. É uma forma de conseguir exposição e quando termina a eleição fica mais fácil perceber o aspecto estratégico da ação”, explica.Para o conselheiro seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP), Everson Tobaruela, contudo, a queda das vistorias revela o uso da máquina pública durante a campanha. “Fica nítido o uso da máquina, que é proibido pela legislação, porque as vistorias só aconteceram na véspera da eleição.”O PT chegou a entrar com representação contra Kassab acusando o prefeito de fazer campanha dentro de escolas, mas o pedido foi negado pelo juiz da 1ª Zona Eleitoral, Marco Antonio Martin Vargas. A exceção às negações foi a multa deR$ 5,3 mil aplicada ao democrata por conta do cheque simbólico de R$ 198 milhões que entregou ao governador José Serra (PSDB) para obras do metrô durante vistoria das intervenções em uma das linhas durante a campanha. Para o promotor eleitoral Eduardo Rheingantz, que chegou a pedir a cassação da candidatura de Kassab por conta do episódio do cheque, é difícil saber quando há uso eleitoreiro das vistorias. “Enquanto a lei permitir a permanência do candidato no cargo durante a eleição, será muito difícil criar uma fronteira clara entre o candidato e o administrador”, afirma.
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Não devemos esquecer a falta de fiscalização das obras e as empreiteiras deitando e rolando.

A assessoria do prefeito nega que tenha havido redução das atividades externas após a reeleição e enumera as inaugurações feitas por ele após o fim da restrição: teriam sido 14 até 27 de novembro, afirma.

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