sábado, 13 de dezembro de 2008

O "choque de gestão" já não é mais o mesmo

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A direita brasilera é engraçada. Acham que qualquer aumento de gasto público com a criação de secretarias é desperdício de dinheiro, mas, a partir do momento que assumem o poder, tomam as mesmíssimas atitudes, muitas vezes até pior.

Quantas vezes escutamos em campanhas políticas e entrevistas que o grande defeito do governo Lula era o excessivo aumento de gasto com os funcionários públicos e "loteamento" de cargos para aliados políticos? Quantas vezes ouvimos de tucanos ilustres, como José Serra e Aécio Neves, a expressão "choque de gestão"? Quantas vezes nos foi colocado sobre ressurgimento do Dem em São Paulo com a vitória de Gilberto Kassab? Quantas vezes a campanha de Kassab acusou a adversária Marta Suplicy de "inchar o Estado" com a criação de secretarias durante a administração petista? Agora, meu caro leitor, adivinhe qual a primeira atitude de Kassab como prefeito? Criar secretarias! Simplesmente 6 secretarias a mais que o governo Marta, embora o orçamento da prefeitura tenha um decréscimo de 3,2 bilhões de reais devido a crise econômica.

Mais uma coisa me surpreendeu aqui em São Paulo. Estava andando pela Avenida Paulista, voltando da escola, quando vi a decoração de Natal montada pela prefeitura. É muito bonita, não vou negar, mas imaginem o que a nossa gloriosa classe média diria se o prefeito fosse do PT: "Imaginem quanto isso deve custar, deveriam construir escolas,hospitais,etc". Lembram-se dos coqueiros plantados nos Jardins? Para quem não sabe, Marta suplicy foi a primeira e única administradora em toda a história da civilização ocidental que foi criticada por ter plantado árvores. E quantas reclamações houve quanto a esse gasto público supérfluo? Nenhuma, meu caro leitor, nenhuma. Cheguei a ouvir que a avenida Paulista com essa decoração parecia a "América do Norte". Acreditem, não estou mentindo.

E o tal "choque de gestão"? Deixa pra lá!

Veja abaixo a notícia da Folha que, logicamente, e não podia ser diferente, foi devidamente isolada, não recebendo o destaque necessário.

Prefeito iniciará novo mandato com 27 secretarias, seis a mais do que quando assumiu; prefeitura diz não saber custo total da medida

Aumento da estrutura municipal contradiz discurso de oposição dos principais dirigentes do DEM em relação à União

FOLHA SP

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) iniciará seu segundo mandato com um número recorde de secretarias: 27, seis delas criadas por ele mesmo. A decisão de aumentar a estrutura municipal foi tomada para acomodar aliados.

O prefeito já confirmou a criação de duas pastas para o DEM: Controle Urbano e Desenvolvimento Urbano. Também prometeu dar status de secretaria a duas coordenadorias comandadas por tucanos: Direitos Humanos e Segurança.

Agora colocou José Aristodemo Pinotti (DEM), deputado federal, na Secretaria Especial da Mulher. Uma sexta pasta foi criada por Kassab no início do ano a fim de abrigar outro antigo aliado, o deputado estadual Rodrigo Garcia -seu ex-sócio.

A assessoria de Kassab diz que, de modo geral, as novas secretarias usarão estruturas já existentes, uma vez que a idéia é “dar status” de secretário para alguns cargos já ocupados.

Discurso e prática

A prática da atual gestão se mostra bem diferente do discurso que elegeu José Serra (PSDB) em 2004 -Kassab era o seu vice. O hoje governador dizia que sua adversária à época, a então prefeita Marta Suplicy (PT), tinha a equipe “inchada”. Marta deixou a administração com 21 secretarias -criou as pastas de Relações Internacionais e de Segurança.

Ao assumir o comando do município, em 2005, Serra extinguiu essa última, transformando-a numa coordenadoria. Kassab vai recriá-la agora.
Ainda em 2004, durante a transição de governo, a equipe tucana chegou a montar um organograma que, se levado a cabo, reduziria o número de secretarias para 14. O plano foi abandonado, também para acomodar aliados políticos.

O recorde do número de secretarias na gestão municipal também colide com o discurso de oposição dos principais dirigentes de seu partido em relação ao governo federal.

No primeiro ano do governo Luiz Inácio Lula da Silva, em 2003, quando o presidente criou seis novas vagas para abrigar aliados políticos do PT- parlamentares do PFL (depois rebatizado de DEM) criticaram a iniciativa.

Ao final daquele ano, o então presidente nacional do PFL e um dos principais interlocutores de Kassab, Jorge Bornhausen, deu esta declaração: “O governo criou seis novos ministérios e secretarias especiais. Patente a incompetência de seus colaboradores e a ineficiência dos novos ministérios, o Planalto se recusa a rever esse verdadeiro cabide de empregos.”

Procurado ontem pela Folha, Bornhausen afirmou, por meio de sua assessoria, que não comentaria as medidas de seu aliado e colega de sigla.

Mesma estrutura

A assessoria de Kassab afirma que nem todos os novos cargos no primeiro escalão criados por ele precisarão de novas estruturas na máquina municipal e de eventual aumento do gasto público.

As pastas de Segurança e de Direitos Humanos, dizem os assessores, utilizarão os mesmos espaços físicos que já ocupam atualmente como coordenadoria e comissão, respectivamente. Nos dois casos, não será preciso aumentar o número de funcionários, afirmam.

Nas pastas de Controle Urbano e Desenvolvimento Urbano ainda há certa indefinição. As duas novas pastas surgirão do desmembramento de estruturas já existentes. A gestão de Kassab não tem clareza sobre a necessidade de criação de cargos nem sobre a demanda orçamentária.

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Fonte: Blog Opinião Pontual

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