terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Três patetas

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Em nota conjunta, o PSDB, o DEM e o PPS rebateram às críticas do PT à suposta responsabilidade do governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) pelos efeitos da crise econômica mundial no Brasil. Reportagem da Folha informa que o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, disse que o governo FHC e o DEM foram os patrocinadores da crise.

Li a tal “nota conjunta” assinada pelos presidentes do PSDB, do DEM e do PPS. Reproduzirei a íntegra abaixo e depois de cada parágrafo dela, que estarão em itálico, farei meu comentário.

O PT esgotou seu prazo de carência para atribuir ao passado a culpa pelos efeitos da crise econômica. Depois de seis anos do Governo Lula, a legenda do oficialismo surpreende o País com uma dupla incongruência: se o Presidente oficializou a versão, evidentemente falsa, de que o Brasil não sofre os efeitos da crise econômica, como atribuir a onda de desemprego e de forte recesso das atividades produtivas ao "governo anterior"? Como governistas no poder podem culpar o "passado" por uma "realidade" que o seu Presidente nega peremptoriamente?

Primeiro, não entendi uma coisa nesse primeiro parágrafo da tal nota: quando as coisas dão certo, são mérito de FHC – a tal “herança bendita”. Dizem que o PT manteve o modelo tucano. E agora a culpa por uma crise que surgiu bem longe daqui é do PT. Os oposicionistas perguntam como pode o PT “culpar o passado por uma realidade que o Seu presidente nega peremptoriamente”. Que realidade? Que há crise? Quando Lula negou que a crise exista e que o Brasil será afetado? O que Lula disse foi que o país será menos afetado do que outros países. O FMI diz a mesma coisa, a OCDE diz a mesma coisa e dezenas de economistas e instituições ao redor do mundo dizem a mesma coisa.

As manifestações petistas refletem o pânico que vivem em função das reações da população, por eles mesmos expostas detalhadamente na reunião de São Roque (SP). Reconhecem a crescente incapacidade do Governo para enfrentar a crise e indicam que escolheram um perigoso e débil álibi: queixam-se de um passado remoto - o qual denominam "governo anterior" - a que já tiveram tempo suficiente não apenas para superar, mas para revogar e denunciar seus atos, o que jamais fizeram.

Será que as “reações da população” contra o governo Lula a que se refere o triunvirato destro são as “reações” que se viu na última pesquisa Datafolha?

Após seis anos de juros altos, de populismo cambial, de permissividade nos gastos públicos, de escândalos financeiros e corrupção disseminada e acobertada, o PT e o Governo Lula não apenas têm todas as culpas como, em vez de procurar bodes expiratórios remotos, mostram-se incapazes de apresentar à Nação um programa efetivo e transparente de ações do Estado brasileiro para enfrentar os reflexos do quadro de evidente calamidade para o qual caminha a economia mundial e que se agrava a cada dia.

O que mais me chamou atenção nesse parágrafo foi a menção a “populismo cambial”. Os membros do governo que manteve o dólar engessado por decreto por cinco anos (o governo FHC) e que fez o Brasil mergulhar em recessão, desemprego e o endividou até o pescoço agora chamam de “populismo cambial” um sistema de dólar livre em que o governo, inclusive, vinha comprando essa moeda para segurar a cotação. Depois não entendem por que Lula não cai nas pesquisas.

Em vez de convocar as forças vivas da Nação, independentemente e acima das divisões partidárias, para a indispensável mobilização da sociedade, os petistas partem para provocações mesquinhas e facilmente desmoralizadas.

Essa história de “forças vivas da nação” já vi no Equador e na Venezuela, e é uma espécie de fetiche dos reacionários de ultradireita. Aliás, o presidente equatoriano, Rafael Correa, disse que não são forças vivas coisa nenhuma, mas forças “de vivos”, ou seja, de espertalhões que viram minguar sua fonte de moleza com as eleições dos presidentes de esquerda pela América Latina e, agora, até alguém da esquerda possível nos EUA passará a governar o país que manda nesses três patetas reacionários.

O Governo Lula já representa o próprio passado de que reclamam os petistas, que, portanto, atingem a si mesmos.

O papel aceita tudo. Eles acham que já elegeram Serra presidente só porque colocaram o Kassab na prefeitura da cidade mais conservadora do país, onde até o Maluf nadou de braçada durante décadas. Palhaços. Esquecem que Serra ganhou em 2004 e em 2006 a oposição levou uma surra nas urnas. E olhem quem nem em 2002 nem em 2006 Lula tinha tanta popularidade.

Brasília, 8 de dezembro de 2008

Rodrigo Maia (DEM-RJ)

Sérgio Guerra (PSDB-PE)

Roberto Freire (PPS-PE)

De todos os três patetas do atraso, o mais patético é esse Roberto Freire. O cara era comunista. Acho que para deixar de ser comunista e virar aliado da nata da direita brasileira, e ainda por cima depois de velho, é preciso ter desprezo por ideais. É preciso ser um grandíssimo canalha.

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Fonte: Blog Cidadania

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