quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Presente de Grego

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No dia 02 de outubro passado, escrevi um artigo intitulado "O tempo não Pára", parafraseando o título de uma obra de Cazuza, explicitando uma preocupação quanto à crise e suas conseqüências, particularmente sobre a classe trabalhadora. Estava na cara que iriam jogar sobre nós os custos das perdas que banqueiros, investidores, especuladores e grandes empresários tiveram no jogo de "roleta russa" a que nos submeteram - claro - que com a "arma" apontada pra nossa cabeça.
Mesmo reconhecendo o fracasso das políticas neoliberais, das quais "tucanos" e "demos" foram seus fiéis seguidores, levando a cabo todas as diretrizes do chamado Consenso de Washington, neste momento não faltam oportunistas querendo aparecer com medidas extravagantes como receita para o enfrentamento da crise. Chegam atrasados ao baile, e ainda se recusam a tirar a máscara.
O último desses oportunistas, como não poderia deixar de ser, é o secretário de emprego e relações de trabalho de São Paulo, Afif Domingos, secretário de José Serra, querendo aparecer com uma dessas medidas que se retiram de uma "varinha de mágica". Essa tem nome inglês, layoff. Em um bom português, significa desemprego temporário. Dá vontade de rir pra não chorar!
Segundo este senhor e sua equipe, o milagre para o enfrentamento da crise durante o ano de 2009 consiste no seguinte receituário: a) as empresas suspendem o contrato de trabalho do/a trabalhador/a, por 10 meses; b) neste período, mesmo não havendo rescisão de contrato, o/a trabalhador/a entra no cadastro de desemprego; c) como tal, passa a perceber parcelas do seguro desemprego, que seriam ampliadas para 10 meses; d) não haverá nenhum custo para as empresas; e) para sua viabilidade, deve-se alterar a CLT através de uma Lei Ordinária ou de uma Medida Provisória. Ressalta-se que a equipe do Sr. secretário, propõe que seja através de MP. Ironia do destino. Os tucanos que tanto batem nas MPs, quando lhes convêm, estas não representam nenhum problema. Segundo estes alquimistas, ao final dos 10 meses as empresas, dependendo dos rumos da crise, poderão confirmar ou não a suspensão definitiva do contrato de trabalho. É LAMENTÁVEL...!
Esta receita será levada ao Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador - CODEFAT. Segundo seus mentores (Afif, Serra e Cia. Ltda.), os custos desse milagre giraria em torno de R$ 6 bilhões em 2009. Resumo da história: 1) Nós trabalhadores/as não geramos crise alguma mais querem que paguemos a conta, flexibilizando direitos da forma mais oportunista jamais vista. Se há R$ 6 bilhões para desempregar, porque não se investe este dinheiro em políticas estruturantes que estimulem mais crédito, mais investimentos na produção e gerem mais emprego? Ao contrário do que de forma "equivocada", foi publicado no O Globo, Diário de São Paulo e Agência Brasil, a CUT se coloca de forma veemente contrária a este tipo de solução para o enfretamento da crise. Pois esta responsabiliza e penaliza a classe trabalhadora e isenta os verdadeiros responsáveis pelos impactos da crise em nosso país, tucanos e demos, que com este tipo de proposta, mesmo reconhecendo o fracasso daquilo que já fizeram, não perdem a chance de mostrarem suas verdadeiras faces neoliberais. No fundo sabemos que o patronato vai utilizar do discurso da crise para reestruturar e desempregar.
Nossa Central Sindical, já explicitou de forma muito clara para o Governo, empresários e toda a sociedade que, não vai dar tréguas a nenhuma empresa, privada ou estatal, que se utiliza da crise como justificativa e apresenta o desemprego como única alternativa. Sobretudo, não vamos permitir que recursos públicos que podem potencializar o papel do Estado como indutor do desenvolvimento, sejam utilizados para dar de presente aos trabalhadores/as neste Natal, um verdadeiro "presente de grego". ABAIXO LAYOFF! ABAIXO O DESEMPREGO E SEUS MENTORES. Contra o aparelhamento do estado em favor do capital. Não permitiremos!

Essa medida expressa o caráter do governo José Serra - autoritário, não dialoga com os movimentos sociais, nega-se a reconhecer e implantar o Piso Salarial Nacional do Magistério, desrespeita o funcionalismo público e coloca o Estado a serviço dos interesses de patrões e banqueiros. Na verdade, Serra e seus mascotes, representam interesses que a sociedade brasileira já repudiou. É BOM QUE ESTADO DE SÃO PAULO SAIBA E NÓS MOSTRAREMOS.
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Fonte: Site da CUT
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