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Lula, Pelé, Nuzman e comitiva comemoram a vitória brasileira com muitos abraços, choro e gritos
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KAROLOS GROHMANN – REUTERS – Agencia Estado
COPENHAGUE – O Rio de Janeiro, que era o grande azarão da disputa há um ano, tornou-se na sexta-feira a primeira cidade sul-americana a receber o direito de realizar uma Olimpíada, a de 2016, graças à eloquência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do recém-adquirido poderio econômico do Brasil.
Há um ano, era improvável que o Rio fosse o vencedor. As candidaturas fracas para 2004 e 2012 haviam levado a uma eliminação rápida, e a cidade brasileira parecia fadada ao fracasso novamente –tanto que ficou apenas em quinto lugar no relatório técnico do Comitê Olímpico Internacional (COI) no ano passado.
Os favoritos Chicago, Madri e Tóquio todos se saíram melhor –e até Doha, no Catar, teve uma avaliação mais positiva.
Mas o COI acabou dando ao Rio um questionável quarto lugar entre as finalistas, com direito de levar a candidatura à votação de sexta-feira em Copenhague.
“Aprendemos com aquelas candidaturas frustradas. Eu disse ao presidente (do COI) Jacques Rogge um dia depois da derrota (para os Jogos de 2012) que voltaríamos”. disse o chefe da candidatura e do Comitê Olímpico Brasileiro, Carlos Arthur Nuzman, depois da vitória de sexta-feira.
Dúvidas a respeito da segurança pública e do financiamento para um evento como a Olimpíada –maior competição pluriesportiva do mundo– atingiram seu auge depois dos Jogos Pan-Americanos de 2007. Para os organizadores, o evento regional foi um sucesso, mas críticos insistiram que foi um desastre.
Em junho deste ano, porém, a situação já havia mudado. A recessão global havia afetado mais duramente outros países –inclusive Estados Unidos, Japão e Espanha– do que o Brasil.
FATOR MEIRELLES
Naquele mês, numa apresentação na sede do COI em Lausane (Suíça), a candidatura carioca ganhou um reforço de peso –o apoio do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que assegurou aos membros do comitê que a economia brasileira havia resistido bem à crise do crédito global e estava crescendo.
Pela primeira vez, a possibilidade de que o Rio poderia arcar com o ônus financeiro de realizar os Jogos foi levada a sério. Ao mesmo tempo, o Banco Mundial previa que o Brasil se tornará a quinta maior economia do mundo até 2016.
Enquanto isso, o orçamento para a candidatura de Chicago, todo oriundo da iniciativa privada, virava fonte de preocupação para os dirigentes olímpicos, e as polêmicas entre o COI e o Comitê Olímpico dos EUA cobravam seu preço.
Tóquio parecia ter pouco fôlego, e a candidatura de Madri, que também havia sido derrotada em 2012, tampouco decolava.
O sólido apoio do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao longo de toda a campanha e seu entusiasmado apoio à candidatura em todos os eventos internacionais ao qual ele comparecia reforçaram a percepção de que desta vez o Rio estava preparado.
Lula e Meirelles reforçaram a dose na sexta-feira diante do COI, quando o Rio realizou uma apresentação absolutamente convincente.
Nem a presença em Copenhague de Barack Obama, primeiro presidente em exercício dos EUA a participar de uma sessão do COI, bastou para impedir a vitória carioca.
“Tenho relações especiais com o presidente Obama. Mas eu disse a ele: ‘Se você não for, eu vou e nós vamos ganhar’. Eu disse a ele e aí ele veio”, afirmou Lula.
E foi assim que esse ex-metalúrgico, ainda altamente popular apesar de já estar na metade final do seu segundo mandato, pôde derramar lágrimas de alegria quando, na última rodada de votação do COI, o Rio derrotou Madri pela expressiva margem de 66 votos a 32.
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